No dia em que o impeachment de Dilma Rousseff foi efetivado e Michel Temer se tornou o novo presidente do país, Belo Horizonte foi tomada por manifestações no início da noite desta quarta-feira (31). Enquanto cerca de 50 pessoas comemoravam a mudança na Praça da Liberdade comendo coxinha e refrigerante distribuídos gratuitamente, cerca de 1 mil pessoas contrárias ao afastamento seguiram em passeata pelo centro da cidade e pararam o trânsito da Praça 7.
Aos gritos de “Fora Temer”, os manifestantes prometeram realizar outros atos populares. Para o feriado de 7 de setembro está marcado o “Grito dos Excluídos”, com protestos em todo o país.
“Não é hora de desanimar. Temos que ir à luta para não perder os direitos já conquistados. Retirar uma presidente que não cometeu nenhum crime é um golpe contra a democracia”, disse Leonardo Péricles, representante da Frente Povo Sem Medo, um dos grupos organizadores da manifestação pró-Dilma.
Péricles cita as possíveis reformas trabalhista e previdenciária como exemplos de possíveis perdas para os brasileiros. Seguindo a mesma linha, os manifestantes entoavam cânticos como “Bate panela, pode bater. Amanhã não vai ter CLT”.
A estudante Maiara Alves, de 19 anos, saiu de Sete Lagoas para manifestar. “Estou aqui porque não reconheço governo golpista. Não posso ver os direitos trabalhistas serem jogados no ralo em prol de uma minoria abastada”, afirmou.
O candidato petista à prefeitura de Belo Horizonte, Reginaldo Lopes, participou do evento, assim como a vice da mesma coligação, Jô Moraes, do PCdoB. “É um governo ilegítimo a começar pelo plano de governo que não foi aprovado nas urnas”, disse Reginaldo.
Já na Praça da Liberdade, o clima era de comemoração. Uma barraca com os dizeres “Festa do Impeachment” distribuía coxinhas para os manifestantes, em sua maioria, vestidos de verde e amarelo. “O Brasil agora está mais livre, com menos intervenção do estado, e sem o socialismo e a corrupção”, afirmou Cláudio Costa Pereira, o coordenador do Movimento Brasil Livre, um dos organizadores da manifestação.
Para uma das líderes do Movimento Vem para Rua, Kátia Pegos, o mais justo seria Dilma ter perdido os direitos políticos. “Falam que a gente é golpista mas isso sim foi um golpe”, disse. Ela acredita que é preciso um tempo para observar como será o governo Temer antes de criticá-lo.