Em negociações
Informações prometidas envolvem detalhes dos mensalões do PSDB e do PT e também da Lava Jato
Marcos Valério negociação delação premiada
PUBLICADO EM 16/06/16 - 16h24
O empresário Marcos Valério, operador do esquema que ficou conhecido
como mensalão, decidiu falar. Mais que isso: já conversa com promotores
para tentar um acordo de delação premiada no qual promete revelar
detalhes ainda obscuros dos escândalos tanto no nível estadual como na
esfera federal.O TEMPO obteve com exclusividade um documento protocolado da 17ª Promotoria de Patrimônio Público da Comarca de Belo Horizonte em que Valério se oferece para um acordo de delação, em troca de informações para o processo do chamado mensalão mineiro, que tramita na 9ª Vara Criminal da capital.
O advogado de Marcos Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, confirmou a autenticidade do documento, mas não quis revelar detalhes do acordo. "O que posso dizer é que a sociedade vai se escandalizar com o que o Marcos Valério vai revelar", afirmou, completando que seu cliente promete trazer fatos novos que irão ajudar bastante nas investigações.
Além de auxiliar a comprovar ilicitudes apuradas no processo do mensalão mineiro, que investiga o suposto caixa 2 na campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB), a gênese do esquema que depois foi replicado pelo PT em nível nacional, Marcos Valério já estaria negociando um acordo com investigadores federais, para tratar de temas que vieram à tona na operação Lava Jato.
De acordo com informações obtidas pela reportagem com pessoas próximas às negociações, Marcos Valério estaria disposto a falar sobre a suposta maquiagem das contas do Banco Rural e o sumiço de documentos da CPI dos Correios, que ajudaram a proteger interesses de envolvidos nos esquemas. As primeiras informações dessa prática vieram à tona em delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-PT, hoje sem partido).
Entre os pedidos de Marcos Valério estaria a transferência para a APAC de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. O operador do mensalão, preso desde novembro de 2013, foi condenado a mais de 37 anos de prisão por corrupção ativa, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Detido no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, ele já tentou uma transferência para outra APAC, em Nova Lima, no ano passado, mas o pedido foi negado, já que ele não possuía residência na cidade.
A defesa de Valério não se manifesta sobre os pedidos e termos de uma proposta de delação.
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