Segundo reportagem do 'Fantástico', conversas grampeadas pela PF mostram como a cúpula da corporação atuou para ajudar José Melo (Pros) a ser reeleito no Estado
Segundo a PF, o coronel da PM dos Amazonas Marcos James Frota era um dos responsáveis para garantir a reeleição do governador. Em um diálogo com um policial militar que diz ter prendido "dois caminhões cheios de gente para votar no 15 [número do candidato opositor, Eduardo Braga, do PMDB]", o coronel ordena: "Joga tudo fora, tudo dentro d'água, esse bando de 'filho de uma égua'". Em outra conversa, Frota avisa ao policial que o ônibus apreendido "é nosso", referindo-se aos eleitores que votariam em José Melo.
"Não é algo de uma maçã podre, apenas um policial. Era o alto escalão da Polícia Militar que era utilizada de forma veemente, deliberada em favor da candidatura", afirmou procurador regional eleitoral Victor Riccely Lins Santos, do Ministério Público Federal.
Um oficial ouvido pela reportagem em condição de anonimato afirmou que a corporação havia recebido a missão de "reverter o resultado" da eleição - Braga havia ganhado por margem apertada o primeiro turno do pleito. Segundo o agente, a PM oferecia caronas e distribuía santinhos para pessoas mais carentes na hora de votar. Também usavam de táticas de intimidação, dizendo que, se Melo não ganhasse, a polícia abandonaria a comunidade. "A pesquisa eleitoral era o que definia o policiamento. A gente trabalhava nos municípios e nos bairros onde o governador não estava bem nas pesquisas", relatou o policial.
Cassado, governador do Amazonas pode ficar no cargo até julgamento de recursos
Governador do Amazonas tem mandato cassado por compra de votos
No ano passado, o Fantástico já havia denunciado um esquema de compra de votos da campanha do governador José Melo. Ele foi julgado, condenado e cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas. O governador, no entanto, recorreu da decisão e continua no cargo até uma decisão final ser tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Em nota, a assessoria de imprensa do governador José Melo afirmou ao programa que ele "jamais teve conhecimento de qualquer ilegalidade".
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