sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Com lideranças fragilizadas, nau segue sem rumo em 2016

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
05/02/2016

Eram as férias e o recesso parlamentar, agora, vem aí o Carnaval engrossando o coro das desculpas para o reinício dos trabalhos, ou início de alguma coisa, de 2016 pelo menos. Nada disso. A nau segue sem rumo com o país paralisado porque seus principais mandatários – a presidente Dilma Rousseff (PT), seu vice, Michel Temer (PMDB), o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (ambos do PMDB) –, estão fragilizados, engessados e sem a capacidade de tomar as decisões, de se movimentar em alguma direção que aponte a retomada da economia.
Em um gesto inédito, a presidente Dilma foi ao Congresso Nacional levar sua mensagem para 2016 e deixou, sob alguns protestos, propostas de aumento da carga tributária (CPMF), reforma da Previdência e apreensão com o avanço do vírus Zika. Não recebeu adesão, além da protocolar, às suas propostas. Tem ainda que resolver a situação de seu governo contra um pedido de impeachment, que, segundo seu vice-presidente, teria perdido a força. Perdeu sim, mas a ameaça precisa ser definitivamente abatida. Não está difícil, hoje, à presidente; na verdade, está mais fácil obter os 172 votos necessários à derrubada do pedido do impeachment do que a aprovação da nova CPMF, que requer mais de 300.
O vice Michel Temer negociou no PMDB para não perder o cargo de presidente do partido. Após o fracasso do impeachment, perdeu também força interna e esteve ameaçado de ficar sem comando. Deu sorte que, no mesmo período, o rival interno, Renan Calheiros, presidente do Senado, está sendo investigado na operação “Lava Jato”, que apura os malfeitos na Petrobras, e, agora, poderá ser processado no STF por ligações perigosas com empreiteiras em denúncia de 2007. Por conta disso, Temer negociou com Renan e acertaram chapa única. Temer supera seus problemas, mas fica um presidente de asa quebrada.
O quarto mandatário, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, está ameaçado de afastamento do cargo pelo STF e de cassação pelo Conselho de Ética da própria Câmara por decoro e por manter contas secretas na Suíça. Para evitar o pior, paralisou os trabalhos da Câmara ao adiar a condução dos presidentes de comissões para este ano e anulou o julgamento contra si. Resultado: seu processo volta à estaca zero, mas a Casa ainda não pode voltar a funcionar.
Depois do Carnaval, haverá preparação para a Semana Santa; não se pode descuidar das festas juninas no Nordeste; as olimpíadas colocarão o Brasil na vitrine mundial e, em seguida, eleições municipais só terminam em outubro. Tudo somado, 2016 está com a agenda muito concorrida e com suas principais lideranças fragilizadas e sem a capacidade de colocar o país para funcionar.

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