segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Mercado prevê inflação maior, mais retração no PIB e dólar a R$ 4,25 para 2016

11/01/2016 10:21 - Atualizado em 11/01/2016 10:21

Estadão Conteúdo



Na primeira divulgação do Relatório de Mercado Focus com as projeções completas para 2017, a estimativa dos analistas é de uma elevação da inflação em 2016 e de estabilidade no ano que vem, com ênfase nas mudanças para curto prazo.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, escreveu em carta aberta ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, divulgada na sexta-feira (8) à noite, que conta com uma desinflação ao longo deste ano causada, sobretudo, pelos preços administrados e pelo setor de serviços, em meio a recessão que atravessa o País.

Mas de acordo com o documento divulgado na manhã desta segunda-feira (11), pelo BC, a mediana das previsões do mercado financeiro para o IPCA de 2016 subiram de 6,87% para 6,93%. Há um mês, a mediana estava em 6,80%. O objetivo do BC, conforme Tombini reforçou na carta, é manter a inflação entre o centro (4,5%) e o teto (6,5%) da meta deste ano - o mercado, segundo avaliação da pesquisa Focus, não acredita que isso será possível.

O grupo dos economistas que mais acertam as previsões, Top 5 de médio prazo, está mais descrente ainda. Para ele, o IPCA encerrará este ano em 7,49%. Na semana a anterior, o ponto central entre esses cinco participantes estava em 7,44% e, quatro semanas atrás, em 7,21%. Esta é a quinta semana consecutiva em que há alta das estimativas deste grupo.

Na pesquisa geral, a mediana das projeções para o IPCA de 2017 foi mantida em 5,20%, também distante do objetivo do BC de levar a inflação para mais perto de 4,50%. Para o ano que vem, a taxa permaneceu em 5,50% no grupo Top 5 de médio prazo pela quarta vez seguida.

No caso das expectativas para a inflação suavizada 12 meses a frente, a mediana recuou de 6,94% para 6,79% de uma semana para outra - há um mês, estava em 7,01%. Para o curto prazo, houve correção das expectativas para a taxa para janeiro de 2016, que foi modificada de 0,85% para 0,86%. Um mês antes, estava em 0,84%. Para fevereiro, a mediana das previsões seguiu em 0,80% pela quarta semana consecutiva.

De acordo com o último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado em dezembro, o BC projeta que a inflação encerre este ano em 6,2% no cenário de referência e em 6,3% pelo de mercado. Para 2017, a estimativa da autoridade monetária está em 4,8% pelo cenário de referência e de 4,9% pelo de mercado.
Retração do PIB em 2016 passa de 2,95% para 2,99%
As projeções do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano seguem no terreno negativo, mas as de 2017 mostram alguma expectativa de recuperação, ainda que não seja tão forte. A mediana das estimativas no Relatório de Mercado Focus ficou em -2,99% para 2016 ante taxa de -2,95% apontada no levantamento anterior
Há quatro semanas, a aposta era de uma queda menor, de 2,67%. Um ano atrás, os especialistas consultados pelo BC acreditavam que haveria crescimento este ano, de 1,80%.
Já para 2017, a expectativa é mais otimista, de expansão de 0,86%. Mesmo assim, está menor do que a taxa mediana de 1,00% calculada na edição anterior. Quatro semanas atrás, a mediana das projeções de crescimento do PIB no ano que vem também era de 1,00%.
A produção industrial segue como principal setor responsável pelas previsões para o PIB em 2016 e 2017. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de baixa de 3,45% para este ano ante -3,50% prevista na semana passada.
Na pesquisa realizada quatro semanas atrás, a mediana das estimativas estava em -3,45%. Para 2017, as apostas são de expansão de 1,98% para a indústria - na semana passada, a mediana estava em 2,00% e quatro semanas antes, em 1,75%.
Os economistas também ajustaram suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB. Para 2016, a mediana das previsões saiu de 40,00% para 39,30%. Quatro semanas antes estava em 40,40%. No caso de 2017, as expectativas se mantiveram em 41,40% - no boletim divulgado há um mês a taxa era de 41,05%.
Câmbio para fim de 2016 sobe de R$ 4,21 para R$ 4,25
Após subir quase 50% no ano passado e encerrar levemente abaixo de R$ 4,00, a perspectiva do mercado financeiro para o câmbio este ano é de alta para R$ 4,25. No levantamento anterior, a mediana das estimativas dos analistas apontava para uma cotação de R$ 4,21 e, no de quatro semanas atrás, de R$ 4,20.
Já para 2017, a mediana das estimativas do mercado aponta para uma cotação de R$ 4,23, maior do que a de R$ 4,20 vista na semana passada - um mês antes, já estava nesse patamar. Para este ano, o câmbio médio passou de R$ 4,13 para R$ 4,14 (estava em R$ 4,09 há quatro semanas), enquanto que para 2017, essa mesma variável permaneceu em R$ 4,10 - mesma cotação também de um mês atrás.
O BC tem se concentrado em rolar contratos de swap cambial, majoritariamente fechados no programa de "ração diária" iniciada em agosto de 2013 e encerrado no fim de março de 2015. Depois disso, o BC entrou no mercado em algumas situações específicas.
IGP-DI
O Relatório Focus desta segunda também apontou que o IGP-DI deve encerrar 2016 em 6,18%. Na pesquisa anterior, realizada com aproximadamente 120 instituições financeiras, a taxa apontada era de 6,14%, a mesma de quatro semanas atrás. Para 2017, a perspectiva é de uma alta de 5,30% desse indicador, a mesma da semana passada e a de quatro edições atrás da Focus.
Já o ponto central da pesquisa para o IGP-M de 2016 passou de 6,51% para 6,58% de uma semana para outra - no mês passado estava em 6,48%. No caso do ano que vem, a expectativa dos participantes é a de que o principal índice de inflação referência para reajuste de alugueis suba 5,23%, de acordo com o boletim Focus - estava em 5,20% no levantamento anterior e em 5,15% no realizado quatro semanas antes.
O IPC-Fipe para 2016 passou de 5,81% para 6,04%, segundo a Focus. Um mês antes, a mediana das projeções do mercado para o IPC era de 5,27%. Para 2017, a inflação de São Paulo, conforme o mesmo levantamento aponta há quatro semanas, deverá ficar em 5,00%.
Superávit comercial
Depois de registrar o primeiro déficit em 14 anos em 2014 e surpreender positivamente na reta final do ano passado, a balança comercial deverá encerrar este ano e o próximo com superávit de US$ 35 bilhões.
De acordo com o Relatório Focus, a projeção para 2016 já estava em US$ 35 bilhões na semana passada - há um mês, a previsão era de um saldo positivo em US$ 31,44 bilhões. Para 2017, a estimativa anterior também era de um superávit de US$ 35 bilhões e a de quatro semanas atrás, de US$ 34,09 bilhões.
Transações correntes
No caso das previsões para a conta corrente, o mercado financeiro ajustou a mediana para 2016 de um déficit de US$ 38,50 bilhões na pesquisa passada para US$ 38,00 bilhões no levantamento de hoje - quatro semanas antes, estava em US$ 39,52 bilhões. Já para 2017, a perspectiva é de um rombo de US$ 32 bilhões, volume que se manteve da edição anterior. Quatro meses atrás, a perspectiva era de déficit de US$ 35 bilhões.
Para esses analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será insuficiente para cobrir esse resultado deficitário em 2016, já que a mediana das previsões para esse indicador segue em US$ 55,00 bilhões pela quarta semana consecutiva. Para 2017, a perspectiva também é de um volume de entradas de US$ 60 bilhões em IDP, montante apontado pelo mercado há 13 semanas seguidas.

Preços administrados

Maiores vilões da inflação no ano passado, os preços administrados devem ter alta de 7,50% em 2016, de acordo com o Relatório Focus. Na semana passada, a mediana das projeções já estava nesse patamar, que se repete há quatro edições. O BC também conta com uma forte desinflação desse segmento este ano para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5%.

Para 2017, o mercado acredita que esse conjunto de itens subirá 5,50%, mesmo nível visto há cinco semanas consecutivas. No último Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, o BC escreveu que, em 2016, a dinâmica dos preços administrados, aliados a outros componentes, são "fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), em 2017".

No mesmo documento, a autoridade monetária revelou que sua estimativa para esse conjunto em 2016 é de 5,9% ante 5,7% considerados no relatório anterior.

Essa projeção considera, para combustíveis, que os preços domésticos da gasolina e do óleo diesel encontram-se acima dos praticados no mercado internacional, restringindo, dessa forma, eventuais elevações.

Para os preços da energia, a projeção do BC de 4,6% para 2016 leva em conta a redução da tarifa em dólar da usina de Itaipu e a ausência de mudanças no valor definido pelo sistema de bandeiras tarifárias em 2016, muito embora os riscos hídricos tenham evoluído favoravelmente e tenha ocorrido desligamento de usinas térmicas de maior custo. Já para 2017, a expectativa de reajustes dos itens administrados do BC é de 5,0%.




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