segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Pirataria no Brasil

Editorial

PUBLICADO EM 23/11/15 - 03h00- O Tempo
Na última semana, a operação Barba Negra, da Polícia Federal, prendeu a equipe responsável pelo Mega Filmes HD, maior página de pirataria da América Latina, com acervo de mais de 150 mil filmes, séries de TV e shows musicais. A estimativa era que, mensalmente, o site recebia mais de 60 milhões de acessos.

Segundo o Partido Pirata, responsável por petição online que pede a liberação dos envolvidos e critica a ação da PF, “sites como o Mega Filmes HD fazem a verdadeira democratização da cultura”.
Hoje, a principal ação do governo para garantir o acesso a produtos culturais acontece por meio do Vale Cultura, no valor de R$ 50, para trabalhadores de empresas que aderiram ao programa.
Mas ele não é suficiente. Talvez por isso, no dia seguinte ao fechamento do Mega Filmes HD, uma página com parte do conteúdo ilegal já estava online, com a promessa de que estará operando com o acervo completo em até quatro semanas.

Num país de internet cara e de baixa qualidade (enquanto na Coreia do Sul a velocidade média da banda larga é de 24,6 Mbps, no Brasil não passa de 2,9 Mbps), em que a TV por assinatura ainda é um luxo para poucos e os ingressos de cinema têm preços distantes da realidade social, não é de espantar que a pirataria acabe sendo a alternativa escolhida por grande parte dos brasileiros.

Mas sempre algo pode ser feito. A gigante Netflix revolucionou o mercado com preços acessíveis e acervo atualizado e, acima de tudo, legal. Até mesmo a HBO (cuja produção “Game of Thrones” é a mais pirateada da história) cedeu e criou um aplicativo para transmissão de conteúdo “on demand”. Na música, o Spotify reproduziu a estratégia com sucesso.

É preciso repensar o modo de vender cultura. De acordo com a consultoria TrueOptik, em 2014, o país foi o vice-líder em downloads irregulares (1,2 bilhão), com uma perda de lucros estimada em quase US$ 100 bilhões.

A pirataria é como a hidra de Hércules: se cortar uma cabeça, nascem três. As estratégias para combatê-la precisam ser mais ousadas do que têm sido.

Nenhum comentário: