sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Estado corre risco ao deixar política interferir na segurança

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br

20/11/2015

A crise na Polícia Civil, após a queda de seu comando inteiro, levou sete dias para se consumar. No diário oficial de ontem, o governador Fernando Pimentel (PT) exonerou o chefe da corporação (tem status de secretário), Wanderson Gomes, conforme antecipamos aqui no último sábado. Em seu lugar, assume a chefe do Detran, delegada-geral Andrea Cláudia Vacchiano – a primeira mulher no comando.

Tudo somado, a mudança não foi resultado de busca de mais eficiência, mas efeito de injunções políticas, como sempre aconteceu; desta vez, o grau de influência foi além do conhecido. O presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB), com apoio do líder do governo, Durval Ângelo (PT), patrocinou as mudanças, por conta de divergências que começaram em Carantiga (base natal e eleitoral) e bateram no alto comando da corporação. A indicação da nova chefe também foi obra da dupla.

O grau de politização na segurança pública é de alto risco e envolve ainda a Polícia Militar e a área prisional, setor no qual o governador pretende criar secretaria específica. A excessiva descentralização, além de esvaziar a Secretaria de Defesa Social, que comanda tudo, poderá também retroceder o projeto que caminhava lento pela integração de polícias, modelo necessário à melhoria da eficiência.

Hoje, a administração prisional está sem comando há três meses, coincidindo com a chegada do Natal que tem forte repercussão sobre a falsa estabilidade nas penitenciárias. Na PM, são frequentes as reclamações e críticas de transferências de coronéis para áreas remotas.

Quando se candidatou e tomou posse, Pimentel trazia de seu lado o apoio dos novos delegados. O primeiro secretário foi anunciado na presença deles e foi exatamente na mesma área onde acontece a primeira baixa. O desafio da nova chefe de Polícia é juntar os cacos da quebra de autoridade e de expectativas, porque há um desânimo generalizado na corporação, que se sente enfraquecida institucionalmente, além dos cortes no custeio.

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