quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Protesto contra aumento de passagens no Centro de Belo Horizonte termina com feridos e 62 presos

13/08/2015 00:12 - Atualizado em 13/08/2015 00:12

Danilo Emerich e Aline Louise - Hoje em Dia


Ricardo Bastos/Hoje em Dia
Manifestação contra aumento de passagens termina com feridos e 62 presos
Tumulto ocorreu em meio a bombas e balas de borracha; governo determina investigação

O protesto contra o aumento das tarifas de ônibus em Belo Horizonte, realizado na noite desta quarta-feira (12), no Centro da capital, foi marcado pelo uso da força pela Polícia Militar contra os manifestantes. Ao menos 62 pessoas foram detidas e várias ficaram feridas após os militares avançarem contra os participantes do ato, que começou de forma pacífica.
Assista ao momento em que a PM dispersou os manifestantes com as bombas:

A manifestação organizada por meio das redes sociais pelo Tarifa Zero e Movimento Passe Livre BH (MPL-BH) começou no fim da tarde na Praça 7. Pouco depois do início de uma passeata, o grupo, formado por cerca de 400 pessoas, segundo a PM, e 5 mil conforme os organizadores, encontrou bloqueio de militares na avenida Afonso Pena. Ao tentar prosseguir pela rua da Bahia, houve outro cerco de policiais do Batalhão de Eventos.
Integrantes do protesto relataram que a confusão começou após negociarem com policiais a liberação de uma faixa da via. Militares dispararam balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo contra os manifestantes. A ação foi considerada “gratuita e violenta” pelos participantes do ato. A versão é confirmada por diversos vídeos que circularam pelas redes sociais e também por relatos de moradores e comerciantes.
Após a investida da PM, houve correria na rua da Bahia e dezenas de pessoas buscaram refúgio no Hotel Sol. Por solicitação dos donos do empreendimento, policiais entraram no local e detiveram cerca de 100 pessoas.
Confira imagens do conflito:
Segundo o tenente-coronel Gianfranco Caiafa, não houve o uso exagerado de força, mas uma reação à agressão iniciada pelos manifestantes, que teriam atirado pedras. Uma acertou o próprio policial. De acordo com ele, só foram presos os que se identificaram como manifestantes e por depredação ao patrimônio particular.
Em nota divulgada na noite desta quarta, o Governo de Minas lamentou o ocorrido durante a manifestação e determinou uma apuração rigorosa dos fatos. “A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania está acompanhando os desdobramentos do conflito e participará diretamente da investigação a ser feita pelos órgãos competentes, incluindo a escuta livre de todos os envolvidos e a perícia das imagens obtidas pela imprensa e nas câmeras de vigilância”.
Durante a triagem da PM dentro do hotel, familiares de manifestantes e advogados tentaram acesso aos detidos, mas foram impedidos por barreira feita por policiais. Em função do bloqueio, o grupo começou a gritar palavras de ordem na porta do estabelecimento.

Os detidos seriam levados para a Central de Flagrantes (Ceflan) II da Polícia Civil e dois menores para o Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte (CIA/BH). No meio da confusão, várias pessoas ficaram feridas, entre elas o repórter-fotográfico Denilton Dias, do jornal “O Tempo”, que foi atingido por um disparo de bala de borracha.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais repudiou a violência praticada pela Polícia Militar. Segundo nota divulgada no site, "com desproporcional uso da força, os militares atacaram com bombas e balas de borracha jovens e adolescentes, que seguiam em ato pacífico contra o aumento das passagens no transporte coletivo". O órgão afirma estar à disposição, com todo o suporte institucional e jurídico necessário, dos repórteres e demais profissionais de imprensa que eventualmente tenham sido impedidos de exercer a sua função durante a manifestação.
Confira vídeos do protesto no começo da noite na região central de BH:
[AGORA] FORÇAS DE REPRESSÃO ATACAM MANIFESTAÇÃO PACÍFICA EM BE... BH - MANIFESTAÇÕES CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEMPMMG espalha o caos pelo centro de Belo Horizonte durante manifestação contra o aumento das passagens de ônibus, que seguia pacífica. 12/08/15
Posted by Mariachi on Quarta, 12 de agosto de 2015

Reajuste
 
O reajuste autorizado pelo Executivo foi de 9,68%. Os valores das tarifas dos ônibus e das linhas integradas ao metrô subiram de R$ 3,10 para R$ 3,40. Os circulares saltaram de R$ 2,20 para R$ 2,45. Os transportes das linhas curtas e longas passaram a custar R$ 5,15 e R$ 6,40, respectivamente. Já pela corrida do táxi-lotação, o passageiro agora paga R$ 3,75, valor que antes era R$ 3,40.  As tarifas dos suplementares variam de R$ 2,45 a R$ 3,40, dependendo da linha. 
 
Briga na justiça
 
A liminar que suspendia o reajuste foi cassada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais no início da noite de sexta-feira (7). O aumento das tarifas de ônibus e táxi-lotação foi publicado no dia 31 de julho no Diário Oficial do Município (DOM). A previsão era de que o novo valor entraria em vigor a partir do dia 4 de agosto. No entanto, a Defensoria Pública entrou com um recurso no mesmo dia da divulgação dos novos valores e o reajuste foi suspenso pela 4ª Vara da Fazenda Pública Municipal.
 
Na ocasião, a Defensoria pediu 180 dias de suspensão até que fossem verificados os custos operacionais do sistema. Durante a semana, a Prefeitura de Belo Horizonte entrou com recurso para garantir o aumento tarifário.
 
Nova tentativa
 
A Defensoria Pública de Minas Gerais protocolou nessa terça-feira (11) uma nova Ação Civil Pública (ACP), com pedido de liminar, suspendendo o aumento das passagens de ônibus em Belo Horizonte. 
 
Na ação, a defensoria questiona as divergências presente nos estudos que apontam redução no número de passageiros, prejuízo com a não finalização do projeto do Move e elevado custo de manutenção do serviço.
 
A ação, que será analisada pela 4ª Vara de Fazenda Pública Municipal, pede ainda que seja feita uma auditoria contábil, econômica, fiscal e financeira nas empresas de transporte público da capital. Entretanto, não há prazo para que seja julgado o pedido da liminar suspendendo o aumento.

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