sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Pior do que a reprovação é a impossibilidade de reversão

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br


07/08/2015

Mais do que a nova queda na avaliação da presidente Dilma Rousseff (PT), a pesquisa Datafolha (feita em 4 e 5 de agosto) sinaliza que não tem mais onde piorar. Números são objetivos e medem avaliação manifestada há quatro dias, quando foi feita a sondagem em um momento em que a crise se agrava velozmente. Os entrevistados apontaram o sentimento de uma realidade que vem chegando, mas ainda não se instalou.

Se Dilma tem apenas de 8 a 10% de aprovação, não tem mais onde perder. Esses são aqueles que ficarão com ela para o que der e vier. Em apenas oito meses do segundo mandato, dez após a eleição de outubro, Dilma perdeu 80% dos votos conquistados. Saiu de 51,64% (ou 54,5 milhões de votos) para 8% a 10%. Urnas e pesquisas são diferentes, mas não há eleição no calendário. Foi uma queda de 42%, e um tombo desse tamanho, e nesse ambiente deteriorado da política, economia e de desconfiança, dificilmente, ela e seu governo conseguirão reverter no curto prazo, e o tempo urge.

Esses 42% se somam, agora, aos 48% que votaram no tucano Aécio Neves. Se matemática fosse, seria 90% de reprovação, mas segundo a pesquisa são 71%, ou seja, restam 29%, dos quais 10% ainda a consideram ótima ou boa. Os outros estariam na categoria do regular positivo e negativo.

Tudo somado, verifica-se que estamos em processo de decantação e de instalação da crise, prenunciando inflação alta, recessão, desemprego e queda do crescimento. Inflação de 10% para quem ganha um ou dois salários é um desastre maior, além dos reflexos sobre a vida das pessoas e famílias. Um quadro de mais frustração. Convencer o frustrado e o magoado de que as coisas não estão tão ruins e que vão melhorar é o maior desafio para a reversão do quadro. A realidade é cruelmente implacável.

Fórmula vencida

Ainda ontem à noite, o PT de Dilma deve ter experimentado avaliação negativa durante o programa nacional de tv e rádio. Apesar da crise, o partido se ancorou numa receita antiga. Há 10 meses, recorreu a essa fórmula para vencer a emergente Marina Silva (PSB) e os rivais tucanos. Lá deu certo, mas tomou bola na trave. Não foi uma vitória folgada. Ainda assim, manteve o discurso de se comparar com os antecessores para tentar, quem sabe, segurar os 29% da pesquisa que ainda não mudaram de lado.

Respeito ao inimigo

Ainda no programa, o PT advertiu o telespectador contra vários inimigos, mas poupou, por razões óbvias, o maior deles. Aquele que pode acordar aborrecido hoje e deflagrar o pedido de impedimento.

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