17/08/2015
às 6:05
Luiz Inácio
Lula da Silva não compareceu à manifestação, no instituto que leva seu
nome, promovida pela CUT e pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC — onde
ele nasceu politicamente, quando ainda apenas de São Bernardo e
Diadema. Por que não? Inexiste explicação lógica. É claro que, segundo a
narrativa que se conta no petismo, ele deveria estar lá, não é mesmo?
Não pode se exibir como um símbolo, uma abstração intangível, até entre
os seus. É que o contraste seria vexaminoso para ele. A sociedade civil,
sem estrelas da grandeza do poderoso Babalorixá de Banânia, pôs mais de
600 mil pessoas nas ruas, segundo as Polícias Militares. Lula sabe que
seu PT agoniza. E tem claro que a sua imagem está se esfarelando.
Brasil
afora, ele próprio não era menos alvo dos protestos do que Dilma
Rousseff. Aquele que Gilberto Carvalho dizia ser, ainda em 2013, o
“Pelé” que estava no banco de reservas do PT é hoje tratado como um
perna de pau. Jilmar Tatto, secretário de Transportes e homem forte do
prefeito Fernando Haddad, afirmou que o protesto só existe porque a
oposição teme Lula em 2018.
Para começo
de conversa, não é certo que esse governo se segure até lá. Mas também
isso já foi. O Lula imbatível nas urnas é hoje coisa de um passado até
recente no tempo, mas muito distante quando se considera o ritmo
acelerado em que amadurece a sociedade brasileira. Ninguém mais cai na
conversa.
Lula até
tentou nos últimos 15 dias revitalizar aquele papo furado da luta do
“nós” contra “eles”; das “elites” contra o “povo”. Sempre foi uma falsa
questão, sempre foi uma boçalidade política. Mas tão mais distante se
torna quando se constata que, fora do governo, só em palestras
estupidamente bem pagas, amealhou R$ 27 milhões, boa parte delas
contratadas e pagas por empresas investigadas na Lava-Jato.
O
companheiro, que pretende ser o monopolista do povão, é hoje um
milionário, não é mesmo? E não haveria mal nenhum nisso se a fortuna,
essa que conhecemos, houvesse sido conquistada longe do poder e de
interesses que se entrelaçam com dinheiro público. Mas também isso não
bate com a realidade.
Os lulistas
gostariam que fosse verdadeira a falsa tese de que é a ruindade do
governo Dilma que contamina a imagem de Lula. Não é, não! Há até uma
possibilidade, no terreno estritamente pessoal, de que seja o contrário.
Não é difícil a gente ouvir por aí que Dilma pode até ser honesta, o
problema está no fato de ser tutelada por Lula e pelo PT. Desconheço se
alguém já fez algo parecido, e fica aqui a dica: institutos de pesquisa
deveriam escolher algumas personalidades públicas para que a população
avaliasse a sua honestidade, com notas de zero a 10. Aposto que Dilma
receberia uma pontuação acima da de Lula.
Na Avenida
Paulista — e, segundo sei, foi assim em toda parte —, Lula não apanhou
menos do que Dilma e do que o PT propriamente. Aquele que era o Pelé do
banco, a eterna reserva moral para opor o povo à Dona Zelite, hoje já
não é garantia de nada. Bonecos infláveis Brasil afora o caracterizavam
como um presidiário.
E isso lança
o PT num verdadeiro desespero. Os “companheiros” não sabem por onde
recomeçar. Acusam conspirações as mais exóticas e variadas, mas nem eles
acreditam seriamente em suas mentiras convenientes.
O mito Lula está acabado, e resta agora torcer para que a Justiça não resolva ajustar as contas com o homem Lula.
Texto publicado originalmente às 5h03
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-mito-lula-esta-acabado-pt-agora-torce-para-que-a-justica-nao-acerte-as-contas-com-o-homem-lula/
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