20/08/2015
às 2:34
Emídio
de Souza (SP), presidente estadual do PT, precisa tomar Rivotril. Ou,
então, voltar aos livros para saber o que é nazi-fascismo. Ou, então,
tem de entrar em contato com eles — hipótese em que, espero, ele não os
confunda com armas, como faz seu colega de partido, Vagner Freitas,
presidente da CUT.
Em entrevista à
Folha, este senhor viu, como é mesmo?, um caráter “nazi-fascista” nas
manifestações de mais de 600 mil pessoas ocorrida no domingo. E como
esse nazifascismo se traduziria?
Segundo ele,
no desejo de que Lula seja preso — e eu realmente vi manifestações
nesse sentido — e de que Dilma tivesse morrido na ditadura. E isso eu
não vi nem ouvi em lugar nenhum.
Mas digamos
que um ou outro tenham dito essa besteira. Certamente gente sem
expressão nas manifestações de rua. Nos carros de som, ninguém afirmou
tal boçalidade. Já Vagner Freitas pregou, sim, que se pegassem em armas
caso Dilma venha a perder o mandato ou Lula a ser processado. E o rapaz
disse isso em pleno Palácio do Planalto.
Os petistas
mentem quando tentam atribuir um caráter violento às manifestações que
pedem o impeachment de Dilma. E isso não é um juízo de valor. Trata-se
da mais pura expressão dos fatos. Nós sabemos em que costumam resultar
as manifestações de extremistas de esquerda. E vocês viram os
desdobramentos dos três maiores protestos do país feitos realmente pelo
povo, por pessoas que efetivamente trabalham — o que não é o caso dos
nababos de esquerda que estarão nas ruas nesta quinta, em dia útil.
A força que
hoje mais atua em favor da queda de Dilma Rousseff é o próprio PT. A
cada vez que manifestantes pacíficos são chamados de nazi-fascistas,
mais as ruas se inflamam. Souza diz que houve queda no número de
manifestantes. Ele está errado. Em relação ao evento de abril, houve
crescimento. Desta feita, não havia ambiguidade na agenda. O que se
pedia, em uníssono, eram “Fora Dilma”, “Fora Lula” e “Fora PT”.
Em tempo:
gritar “fora Dilma” e “cadeia para Lula” é tão nazi-fascista como era
pedir “Fora Collor” e “cadeia para Collor”. Ou palavras de ordem como
essas só são legítimas quando conduzidas pela esquerda? Ninguém pede
“fora Dilma” porque ela abuse de anacolutos e das frases sem sentido.
Ninguém pede cadeia para Lula por causa de sua gramática. Nos dois
casos, o que se entende é que estão comprometidos com o petrolão. Só
isso. Mais: os que advogam a tese do impeachment o fazem de acordo com
as leis.
Não adianta!
O PT é reacionário demais para entender o peso da realidade. O discurso
de Emídio, sim, tem uma natureza eminentemente fascistoide na medida em
que busca deslegitimar uma manifestação genuína de setores expressivos
do povo brasileiro. Hoje, senhor Emídio, aqueles que o senhor chama
“fascistas” e que cobram a saída de Dilma somam dois terços da
população.
O fim do PT dará trabalho à democracia. Mas ela vencerá. E o partido vai desaparecer.
Tags: protesto a favor, PT
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