terça-feira, 18 de agosto de 2015

Falta de sintonia com o povo ameaça Dilma, PT e o PSDB



18/08/2015

Ao contrário do que disse ontem, do pouco que o governo federal conseguiu falar após os protestos de domingo, por meio do ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, a situação brasileira de hoje, de insatisfação apontada pelas pesquisas e confirmada nas ruas, não se resume ao pessimismo. Trata-se de uma reação legítima e natural de quem vive uma realidade da qual não foi avisado e que, agora, não vê nem ouve qualquer sinalização do que vem por aí, se recuperação ou desastre maior, nem de como sair da crise. Ninguém fala nada nem aponta caminhos, do governo à oposição.
 
Todos viram as ruas das capitais, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, lotadas de gente gritando ‘fora Dilma’, ‘fora PT’, ‘fora Lula’, como também ficaram sabendo que o governo passou o dia reunido para avaliar os protestos e que, ao final, decidiu nada falar. Saíram todos pelos fundos para evitar falar com a imprensa, como se estivessem acuados ou fossem culpados. O governo está preocupado em se poupar e salvar o mandato da presidente Dilma. O cidadão quer saber como sair das crises econômica, política e ética. Na falta de caminhos, pede a saída da presidente.
 
Da mesma forma, a oposição, liderada pelo PSDB do senador Aécio Neves, chega mais uma vez atrasada, quase que pegando carona no movimento que está nas ruas e lá chegou sem a iniciativa das lideranças políticas que deveriam representá-lo. Falta sintonia e ousadia à atual geração de políticos, do governo à oposição. Não foi falta de aviso. Desde 2013, quando todos foram “perdoados” ao serem surpreendidos pelas grandes manifestações de rua, cobrando e reclamando de tudo, especialmente da falta de representatividade e de participação, nada mudou. Tudo continuou como se nada tivesse acontecido. 
 
Ainda neste ano, tivemos três grandes manifestações de rua – em março, abril e agosto – poucos meses depois da eleição, quando a presidente confirmou sua reeleição e a oposição bateu na trave a 3% de mudar a história do jogo. Apesar disso, governo e oposição não entenderam o recado das ruas. A retórica do governo e do PT foi repetida, acusando golpismo, como se o país se resumisse a petistas e tucanos; agora, diz que é onda de pessimismo. A oposição perdeu a conexão após a eleição e virou espectadora, com receio de ser associada a golpista, ignorando aqueles que a seguiram na eleição. Somente agora, os tucanos falam em apoiar o impeachment porque as ruas de domingo pediram. Lideram ou estão sendo liderados?
 
Mais uma vez, governo e oposição, juntos ou separados, não representam o sentimento que vai se formando por aí por uma razão simples. Não conversam, não dialogam com a sociedade e fazem apenas comunicação pelo marketing, que maquia a realidade, como se, do outro lado, houvesse apenas tolos. 
 
Faça o que eu digo ...
 
Tão importante quanto os atos e fatos de domingo é a repercussão sobre eles. A mais forte veio do ex-presidente Fernando Henrique (PSDB) ao sugerir a renúncia de Dilma ante a cobrança das ruas. Como ela, FH viveu situação semelhante, em 2002, com o ‘fora FH’, liderado pelo PT. Ao contrário daquele, o pedido de agora está vindo das ruas, e o governo está mais frágil.

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