sexta-feira, 14 de agosto de 2015

‘Enquanto eu for comandante do Batalhão de Choque e receber a ordem, eu vou usar a força, sim’

Minientrevista

Gianfranco Caiafa Comandante do Batalhão de Choque

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PUBLICADO EM 14/08/15 - 03h00
Mostramos ao senhor dois vídeos. Em um, aparece o protesto pacífico e depois a PM atirando sem que houvesse ‘provocação’. No outro, uma bomba é jogada em um ciclista caído no chão. O uso da força foi proporcional?
Na câmera pode parecer que a ação foi abusiva, mas esses são os meios de dispersão. Toda dispersão é traumática. A gente negocia exatamente para evitar o uso da força. Temos filmagens dos quatro momentos em que tentamos negociar com os manifestantes a abertura de uma das faixas, mas eles não nos atenderam. Eles disseram que iriam até a prefeitura e mudaram o itinerário subindo a rua da Bahia, que se transformou num dos principais acessos à região Centro-Sul. Nessa hora, iniciou-se a quarta negociação, em que demos um ultimato para que liberassem a via em cinco minutos. Porém, segundos após esse ultimato, eu fui atingido por uma pedra e dei o comando para dispersão.
Foram vários disparos de bala de borracha, um deles atingiu o fotógrafo deste jornal Denilton Dias. Não é possível fazer a dispersão só com gás lacrimogêneo?
É possível, desde que o manifestante não arremesse pedra no policial. A gente faz sempre uso proporcional da força. Sempre que vamos dispersar, usamos inicialmente o gás de pimenta, que é incômodo, mas não provoca lesão e o efeito é rápido. Depois o gás lacrimogêneo. A defesa do policial começa com seu escudo, e se a pessoa está atirando pedra, ele tem o direito de contra-atacar. E o que ele tem é a bala de borracha.
O senhor fez corpo de delito? Outros policiais foram atingidos?
A pedra pegou no meu coturno e atingiu minha mão, provocando sangramento. Já fiz o exame. A princípio, eu fui o único militar atingido. Só que é o seguinte: se eu tomo uma pedra, eu não preciso esperar minha tropa levar outra. Essa situação mais do que legitima a ação da polícia. Aliás, eu não precisava nem ser agredido para usar a força, não. Eu dei uma ordem legal. Se não for cumprida, eu tenho o poder constitucional de usar a força proporcional. Eles estavam impedindo a população de ir e vir.
Há vídeos mostrando essa pedrada?
Nós apreendemos várias pedras, estopas com gasolina, querosene. Estamos analisando as imagens e vamos mostrar que nossa ação foi legal.
Mas os policiais do Batalhão de Choque não são treinados para aguentar provocações?
Estavam xingando os policiais, a mãe deles, a honra do militar. Não tem como você fazer a liberação daquele espaço sem usar a força. Aquele pessoal (manifestantes) gosta de se fazer de vítima. Da mesma forma que tem pessoas questionando nossa ação, tem pessoas elogiando, e tenho certeza de que é a maioria. Na Copa das Confederações, em 2013, a Polícia Militar foi cobrada por não agir contra os vândalos que depredaram bancos e concessionárias porque o governador (Antonio Anastasia, na época) havia dado ordem de não usar a força. Enquanto eu for comandante do Batalhão de Choque e receber a ordem, eu vou usar a força, sim. Eu vou dar o choque de ordem quando for necessário.
Mas a ordem veio de quem? Uma nova manifestação está prevista. A postura da PM vai ser a mesma?
Nós temos um memorando da Polícia Militar orientando como proceder em casos de interdição de via. Após três negociações, se não houver a liberação da via, teremos que usar a força, de forma proporcional para garantir a liberação.Vamos manter nossa forma de agir para garantir a liberação da via. 

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