sexta-feira, 3 de julho de 2015

Pior do que 9% é a sensação de fim antecipado do governo


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br


03/07/2015

Chamar o marqueteiro João Santana, como fez o ex-presidente Lula na última segunda-feira, não é a saída para o governo Dilma, que, segundo pesquisas do Datafolha, Ibope e até do Vox Populi, tem, hoje, menos de 10% de aprovação. Um ou outro pode até contestar a pesquisa e duvidar da metodologia, já que não foi ouvido entre os dois mil entrevistados, mas a conjuntura desfavorável é a principal razão a confirmar a reprovação consecutiva. Mais do que uma crise econômica, prenunciando recessão, é a sensação de que ela chegou ou que, inevitavelmente, chegará. É a soma de expectativa ruim com um cenário igualmente ruim.

Somando-se a isso, pela primeira vez, há uma combinação explosiva do encontro da crise econômica com a crise política. Não adianta João Santana voltar ao Brasil (está, hoje, em campanha eleitoral na Argentina) e dizer o contrário; se não houver reversão do quadro econômico também não haverá chances de recuperação. Não existe, no marketing político, alguém que tenha saído dos 9% para um patamar melhor. Pior do que os 9% é a sensação de fim antecipado de um governo que não conseguiu sequer recomeçar.

Num país dividido eleitoralmente (dados da eleição passada), no qual 48% não votaram nela, dos 51% que a elegeram, a maioria se frustrou, deixando apenas 9% que ficaram ali por se identificarem mais com o PT do que com a própria presidente.

Os primeiros tendem a continuar onde estão e jamais serão convencidos pelo marketing, e o segundo grupo, tudo indica, perdeu a confiança. Para complicar, o perfil de Dilma não tem carisma nem desperta paixões. É uma equação difícil que somente a melhoria da economia, e não o marketing, poderia resolver. Até porque marketing funciona bem em campanha eleitoral, quando o discurso por si só sustenta emoção e esperança. Governo é outra coisa, são resultados concretos.

Governo é outra coisa, é resultado concreto. Todos os dias, desde o início do segundo mandato, o governo perde a batalha política no Congresso, onde perdeu o controle da pauta política, e na comunicação, onde o placar de notícias contra dá de goleada sobre os fatos positivos. A visita aos Estados Unidos e a aprovação do ajuste fiscal, ainda que favoráveis, geram resultados somente no longo prazo. Sem falar que o pacote fiscal não é consenso e tem oposição até dentro de casa.

Crise da água é o maior desafio

De toda a crise que herdou e gerencia, a maior do governo Fernando Pimentel é a crise hídrica, o risco da falta de água na região metropolitana de Belo Horizonte. Ainda assim, o governo não encara de frente o problema. A Copasa faz um discurso burocrático, cheio de dedos para lidar com um problema que bate à porta do cidadão. E o marketing político do governo, que separa mocinhos dos vilões, contamina sua comunicação. Na hora da onça beber água, o pepino saberá no colo de quem cair.

Fogueira das vaidades

O corte na transmissão da TV Assembleia dos debates no plenário da Assembleia virou bate-boca sujeito a troca de tapas. O motivo foi o protesto da oposição contra a prioridade dada pela tevê legislativa à cerimônia de sanção do governador Fernando Pimentel ao projeto de reajuste dos professores, realizada, no dia 30 passado, na parte externa da Casa, no espaço cultural “José Aparecido”.

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