sexta-feira, 3 de julho de 2015

Mandarim é a segunda língua mais falada no centro de Belo Horizonte

IMIGRAÇÃO

Presença de chineses no comércio é tão grande que há cardápio em restaurante no idioma deles

PUBLICADO EM 03/07/15 - 03h00
O mandarim já é o segundo idioma mais falado pelas ruas e comércios no hipercentro de Belo Horizonte. O número oficial de chineses que ocuparam a região ainda não foi levantado por associações comerciais, mas basta andar pelas ruas Curitiba, São Paulo, Guaicurus e Caetés, onde se concentram os shoppings populares, para se comprovar o domínio dos imigrantes asiáticos nos estabelecimentos comerciais. Os que possuem autorização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Minas Gerais são poucos: 567, entre os anos de 2011 e 2014.

No entanto, a presença dos chineses é cada vez maior e divide impressões e opiniões de quem frequenta ou trabalha no centro da capital. Comerciantes os culpam pela concorrência desleal e queda no faturamento. Consumidores aprovam os preços melhores e mais competitivos. Funcionários denunciam a ilegalidade, contratação de mão de obra irregular e o tratamento preconceituoso. “São discretos e arredios. Sabemos pouco sobre eles”, afirmou um comerciante da região.

O fato é que invadiram a capital e vieram para ficar. Tanto que já existem chineses oferecendo serviços exclusivos para atender os compatriotas. No shopping Xavantes, os orientais comem em meio a produtos eletrônicos, dentro de suas lojas. “Vendedor chinês faz. Traz aqui”, explica, com dificuldade no português, um comerciante. A poucos metros dali, no terceiro andar de um prédio antigo, na Galeria BH, uma fila se forma para o almoço. Na pequena sala, com quatro mesas e uma cozinha minúscula de aparência suja, nada lembra que estamos no Brasil. O cardápio em mandarim dá a dica de que brasileiros não são bem-vindos. “Aqui, único restaurante chinês”, contou à reportagem um cliente, que pouco entende o português.

Típica. De brasileiros, apenas a equipe de O TEMPO e alguns empregados dos chineses estavam no restaurante. Foi esperando o macarrão da patroa que a menor R.A., 17, contou à reportagem que ganha R$ 250 por semana, sempre em dinheiro. “Eles não podem contratar, porque são ilegais. Todos são”, disse a jovem, que trabalha há quatro meses e diz já entender um pouco do idioma. “Por isso, jamais conversam com estranhos”.

Até R$ 5.000 pelo nome

A funcionária de uma família chinesa que vende roupas no shopping Oiapoque conta que os imigrantes, por serem, na maioria, ilegais, oferecem a brasileiros uma espécie de sociedade para regularizar o comércio. “Eles chegam a pagar R$ 5.000 por mês só para terem o nome da pessoa (para abrir o negócio). O problema é o risco”, conta ela, sem revelar o nome. A mulher disse que fiscais da prefeitura costumam recolher muitos produtos. “Mas apenas dos chineses”.

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