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Novo uniforme dá mais proteção a policiais e responde a migração de traficantes para área de matas
RAPHAEL GOMIDE - Época
22/06/2015 - 13h47 - Atualizado 22/06/2015 13h47
Os policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) estrearam nesta segunda-feira a nova farda verde camuflada que passarão a usar como uniforme principal da unidade, em substituição à conhecida farda preta. A primeira operação dos “caveiras” com a nova vestimenta foi na Praça Seca (zona oeste), esta manhã, em uma ação do Comando de Operações Especiais (COE).ÉPOCA mostrou no fim de 2013 o projeto do Bope de trocar sua farda tradicional.
O uso da farda verde com camuflado digitalizado (com estampa formada por pequenos pixels quadrados onde o verde se sobrepõe ao marrom e ao preto) foi adotado pela primeira vez nesta segunda-feira justamente porque a região de favelas é cercada por muita floresta, onde foram encontrados acampamentos de criminosos.
A roupa escura é um dos principais símbolos da mística e da identidade do Bope, cujos soldados são conhecidos como “homens de preto”. Porém estudos da Polícia Militar demonstraram que, na prática, a cor acaba expondo seus integrantes na maioria dos terrenos e dificulta a camuflagem, diminuindo o efeito-surpresa e comprometendo a segurança dos policiais em ação. Além disso, o preto acumula mais calor e provoca desidratação dos soldados em operações mais longas, sob o sol carioca. “A cor preta se contrasta facilmente com qualquer cor à exceção dela mesma. O policial fardado de preto pode ser plotado [localizado] à distância, tornando-se um alvo fácil no ambiente operacional”, apontou estudo técnico de 2009 que embasou a decisão.
O novo uniforme foi encomendado especialmente pelo Bope e é feito de um tecido moderno, resistente, mais leve e fresco que o antigo. O primeiro estoque com 930 fardas é do modelo “floresta”, semelhante ao usado pelos fuzileiros navais dos Estados Unidos, e custou R$ 283.600 – R$ 305 por conjunto de gandola (camisa militar) e calças.
A nova farda permite uma camuflagem muito mais eficiente tanto em ambientes urbanos quanto em áreas de mata, como a da Praça Seca, onde os policiais operaram nesta segunda-feira. O preto não vai desaparecer, mas, em médio prazo deve ficar restrito ao Grupo de Resgate e Retomada (GRR), e eventuais operações noturnas. O emprego da cor negra tem efeito psicológico sobre o inimigo em alguns tipos de ação, como invasões táticas, resgate de reféns ou ação antiterror.
A mudança é também provocada pela intensificação da presença de criminosos em áreas de matas ao redor de favelas, caso da Praça Seca. Parte se deve à migração de traficantes de UPPs para florestas, onde acampam e escondem armas e drogas. “A dinâmica do tráfico se modificou, e a mudança do uniforme é uma das maneiras de minimizar esse fator”, disse a ÉPOCA o subcomandante administrativo do Bope, major Maurílio Nunes. A alteração do uniforme também virá acompanhada de maior ênfase no treinamento da unidade em operações na mata e em áreas rurais.
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