sábado, 2 de maio de 2015

Primeiro de maio

Eduardo Costa
Eduardo Costa
ecosta@hojeemdia.com.br
 

01/05/2015

Algumas datas nos lembram de como o tempo passa depressa. Parece que foi há cinco ou seis anos que o radialista sequer podia falar a palavra greve no dia dedicado ao trabalhador. Aliás, afinal, é Dia do Trabalhador ou do Trabalho? Acho que a segunda hipótese tem sido fortalecida de propósito porque, convenhamos, se tem uma coisa que a gente faz o tempo todo nesse país é diminuir a importância de quem produz no chão de fábrica, quem limpa o banheiro na TV, enfim, quem realmente rala, mas, na tal pirâmide social nunca sai da base.
Sabe o que é mais triste? O tempo me mostrou que os defensores dos que labutam não são – na sua esmagadora maioria – verdadeiramente representantes... Digamos que são os mais espertos que descobrem o quanto pode ser bom falar em nome da massa e, literalmente, meter a mão na massa... Pergunte quantos dirigentes que chegam ao topo no sindicato gostariam de passar o bastão dois ou três anos depois... Veja o passaporte do companheiro diretor para conferir se ele não conhece a metade do mundo? E confirme com o departamento de pessoal da empresa quantas faltas tem no ano... Cadê? Reunião. De novo? É, reunião. Não me coloco entre os que desconsideram a importância da representação. Minha tristeza é a falta de mobilização de quem trabalha para não dar boa vida a malandros.
Parafraseando o companheiro mais famoso, “nunca antes na história deste país”, os trabalhadores tiveram uma chance tão concreta de mudar a própria história e fazer do Brasil uma grande nação como em 2003 com a chegada de Lula ao Palácio do Planalto. O ex-metalúrgico foi tratado como estadista no mundo inteiro, tomou medidas corretas na economia e no combate à fome, mas, no quesito que mais importava aos humildes, na luta mais antiga contra a roubalheira, fingiu-se cego, mudo e surdo. Abriu mão de usar o prestígio para enfrentar os “300 picaretas do Congresso” e mudar as coisas, de fato. Seus companheiros de primeira hora foram se afastando; os que ficaram estão constrangidos com tantos escândalos e, do outro lado, os antes chamados pelegos, continuam por aí, agora pondo a culpa do PT, apoiando ajuste fiscal, terceirização, controle no seguro desemprego, menos pensão para as viúvas... O fator previdenciário continua... A luta continua, companheiro é companheiro e f.. é f.. Do jeito que a coisa vai, vamos transferir a comemoração para 2 de novembro.
“O tempo me mostrou que os defensores dos que labutam não são – na sua esmagadora maioria – verdadeiramente representantes...”

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