quinta-feira, 7 de maio de 2015

Polícia Civil pede ajuda contra 'caos' em delegacias da capital

DELEGACIAS

Polícia pede ajuda contra ‘caos’

Em documento ao qual O TEMPO teve acesso, delegada relata situação à beira do ‘insustentável’


PUBLICADO EM 07/05/15 - 03h00
Alarmada diante da situação caótica que delegacias da capital têm enfrentado devido à crise do sistema prisional em Minas Gerais, a Polícia Civil (PC) solicitou à Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) providências urgentes no remanejamento de presos. Em ofício encaminhado nesta terça à Seds, ao qual O TEMPO teve acesso, a delegada Rosilene Alves de Souza, coordenadora do Núcleo de Gestão Prisional da PC, informa que a situação está chegando “à raia do insustentável”, e pede soluções. Em nota, porém, o secretário de Defesa Social, Bernardo Santana, diz “estranhar” o assombro com relação à crise.

No documento, a delegada ressalta a “caótica conjuntura, recentemente agravada” com a interdição do Ceresp Gameleira e com a impossibilidade de se mandarem presos para o presídio Bicas I e alerta que “já se avizinha situação com reflexos que sabidamente ensejarão dissabores à administração”.

Rosilene ressalta que “não há mais condições de perdurar a crise ora vivenciada”, informando que havia, nesta terça, 60 presos “abarrotados” em delegacias. Como resposta ao pedido, a Seds providenciou 35 vagas, sendo 15 para o Presídio São Joaquim de Bicas II – que tem 1.027 presos acima da capacidade – e 20 para a Penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves – com 610 detentos a mais do que suporta o limite.

A Seds não explicou os motivos da escolha dessas unidades nem o que acontecerá com os 25 presos que possam ainda estar aguardando vagas nas delegacias.

Segundo a Seds, 2015 registrou um crescimento inédito da população carcerária: houve aumento líquido de 3.336 detentos, uma média de 834 a mais por mês. Somente nas duas últimas semanas, entraram, na região metropolitana, 476 presos por crimes “leves”.

Ressaltando que é “inadmissível mandar para a rua homicidas, estupradores, grandes traficantes e assaltantes violentos”, o secretário Santana afirmou que a atual administração “jamais dará orientação para que se diminuam as prisões”, mas afirmou que o sistema prisional não pode ser um lugar onde “se amontoam pessoas indistintamente”.

De acordo com o secretário, medidas emergenciais para gerar vagas serão tomadas “brevemente”. Conforme O TEMPO mostrou nesta quarta, algumas são reativação de cadeias e adaptação de prédios públicos. A Seds também retomará obras paralisadas de presídios. Mas, segundo Santana, “a solução duradoura se dará com planejamento e execução de novas obras”.

Longo prazo
Lotação.
 Segundo a Seds, o ritmo de crescimento da população carcerária projeta 10 mil presos a mais no ano. Mesmo com recursos, não haveria tempo para gerar as 26 mil vagas necessárias.
Faltam policiais, viaturas e estrutura na Deoesp

Uma das principais unidades de repressão ao crime organizado, a Divisão Especializada de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp) está com déficit de pessoal e viaturas, além de problemas estruturais.

As carências foram constatadas em visita da Comissão de Segurança Pública da Assembleia. Segundo o presidente da comissão, Sargento Rodrigues (PDT), a unidade, que atua em sequestros, grandes roubos e ocorrências com reféns, tem 130 policiais civis, mas demanda mais 30. Além da necessidade de reformas e de controle do mato que tomou conta do local, seriam necessárias 40 viaturas, mas há só 28.

“Isso prejudica muito o serviço. Essa unidade precisa ter condições de fazer seu trabalho de inteligência”, disse o deputado. Um relatório da visita será encaminhado ao Estado.
Explosivo
Um quarteirão ficou interditado nesta quarta por cerca de uma hora em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, para a retirada de uma banana de dinamite colocada em agência bancária, no bairro São João Batista. Três policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da capital estiveram no local no início da manhã para desarmar o artefato, que não explodiu. Dois caixas eletrônicos foram danificados, e ninguém ficou ferido.

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