segunda-feira, 18 de maio de 2015

Petrobras admite a órgão americano o que Dilma esconde dos brasileiros

18/05/2015
 às 7:42


Ora vejam que graça! Reportagem de Fernanda Nunes e Mariana Sallowicz, no Estadão de hoje, dá conta de que a Petrobras fornece ao mercado externo — até porque passou a ficar sob estrita vigilância — informações que a presidente Dilma Rousseff sonega aos brasileiros
Em relatório enviado à SEC, a agência reguladora do mercado financeiro nos EUA, a estatal admite que as dificuldades financeiras pelas quais passa podem atrapalhar a exploração e produção do pré-sal. No documento, a estatal lista os obstáculos que terá de enfrentar para cumprir as obrigações com as reservas que já tem no pré-sal e ainda com as que deverá adquirir no futuro.
Pois é… O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, justiça se faça, em seminário recente sobre petróleo nos EUA, já havia afirmado que não vê mal nenhum em entregar áreas do pré-sal a empresas estrangeiras, mesmo sem a participação obrigatória da Petrobras, que, segundo o regime de partilha, tem de ser titular de pelo menos 30% da exploração. Na fórmula do ministro, bastaria à Petrobras ter a licença para recusar a participação.
Dilma não gostou e o desautorizou. Na semana passada, a governanta reafirmou as qualidades do regime de partilha — que impõe à Petrobras um custo com o qual ela não pode arcar — e a obtusa e contraproducente política de conteúdo nacional na área. E, de quebra, ainda aproveitou para atacar FHC. Ao mercado externo, no entanto, a estatal brasileira tem de dizer a verdade, especialmente nesses tempos em que se transformou num exemplo de tudo o que uma petroleira não pode ser.
No relatório, que é de preenchimento obrigatório, a empresa é explícita: admite que poderá ter problemas de caixa para enfrentar os desembolsos necessários para o pré-sal e antevê dificuldades para se financiar no mercado externo, especialmente se as agências de classificação de risco rebaixarem o seu rating.
O relatório é bastante realista. A estatal admite ainda que terá dificuldades para realinhar a política de preços para compensar as perdas acumuladas entre 2010 e 2014, quando o governo usou os combustíveis para fazer política econômica mixuruca.
E por que a Petrobras conta tudo, assim, de maneira tão clara? Porque, a esta altura, qualquer suspeita de que pode estar tentando dar um truque no mercado lhe seria fatal.
A Petrobras não pode enganar os mercados, mas o governo acha que pode continuar enganando os brasileiros. Vamos ver até quando, Dilma!
Por Reinaldo Azevedo

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