quarta-feira, 20 de maio de 2015

Os horizontes possíveis na economia

por Beth Cataldo - G1


Os horizontes possíveis 
na economia (Editoria de arte/G1)Levantar o olhar acima do mar de adversidades que o país atravessa em sua economia não é um exercício fácil neste momento. Taxas ascendentes de inflação e desemprego, queda no Produto Interno Bruto (PIB), redução na renda dos assalariados, juros em elevação, entre outros ingredientes, compõem o quadro de incertezas sobre a conjuntura brasileira. Tudo isso temperado por fortes restrições orçamentárias no setor público, como as que devem ser confirmadas nesta semana.
Na área econômica do governo, há um plano de voo que aponta para cenários cuidadosamente traçados em direção a águas menos revoltas e mais propícias à navegação dos sobreviventes ao duro ajuste em curso. Um ano à frente, como indicou importante fonte oficial, conta-se que a inflação anualizada terá encerrado o primeiro quadrimestre de 2016 no patamar de 6% – uma melhoria considerável em relação ao nível de 8%, ou mais, em que orbita hoje.
Na sequência do início da recuperação no ritmo da atividade econômica, aguardada para o último trimestre deste ano, acredita-se que a economia brasileira estará em efetivo processo de decolagem nos primeiros meses do próximo ano. Até lá, as expectativas inflacionárias deverão estar mais firmemente ancoradas, como gostam de dizer os economistas, e o objetivo de trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%, poderá estar palpável para o mercado e toda a sociedade.
O momento mais delicado dessa travessia, na avaliação da fonte consultada, é justamente agora, quando a convergência de fatores negativos molda um cenário desanimador. “Em doze meses, teremos mais clareza do caminho e também resultados para apresentar”, acredita. Uma agenda mais francamente positiva, no entanto, é antevista apenas para 2017, quando os investimentos em infraestrutura e a retomada da confiança do empresariado privado devem estar mais patentes.
Nas contas das autoridades econômicas, o país enfrentou dois choques de preços em período recente: a correção das tarifas administradas e o impacto da desvalorização do real. E, ao contrário do que dita o senso comum, o realinhamento dessas tarifas não se esgotou nos primeiros meses deste ano, devendo se estender ao longo de 2015. Suportar o terreno hostil ditado por esse cenário econômico, com a estridência das reações previsíveis, é uma palavra de ordem na equipe econômica.
No meio desse caminho acidentado, desta vez na avaliação do cientista político Leonardo Barreto, “o governo continuará debilitado e sujeito a fortes pressões políticas”, o que lhe impõe a necessidade de renovar sem descanso a fé dos agentes econômicos em suas intenções. Além de conceder aos grupos mais organizados da sociedade espaços de poder político e econômico. No Brasil, “a crise econômica e a crise política, apesar de distintas, figuram na mesma encruzilhada”, resume.

A regeneração da autoridade política da presidente Dilma Rousseff, acrescenta Barreto, passa diretamente pela percepção de que o Executivo é capaz de conduzir uma política econômica eficaz. Mesmo que se alcance esse objetivo, o custo político será sempre muito elevado, o que subtrai chances de realização de reformas estruturais no período do atual governo. Em meio a tudo isso, conclui o cientista político, o papel mais ativo do Legislativo e do Judiciário veio para ficar.

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