Na área econômica do governo, há um plano de voo que aponta para cenários cuidadosamente traçados em direção a águas menos revoltas e mais propícias à navegação dos sobreviventes ao duro ajuste em curso. Um ano à frente, como indicou importante fonte oficial, conta-se que a inflação anualizada terá encerrado o primeiro quadrimestre de 2016 no patamar de 6% – uma melhoria considerável em relação ao nível de 8%, ou mais, em que orbita hoje.
Na sequência do início da recuperação no ritmo da atividade econômica, aguardada para o último trimestre deste ano, acredita-se que a economia brasileira estará em efetivo processo de decolagem nos primeiros meses do próximo ano. Até lá, as expectativas inflacionárias deverão estar mais firmemente ancoradas, como gostam de dizer os economistas, e o objetivo de trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%, poderá estar palpável para o mercado e toda a sociedade.
O momento mais delicado dessa travessia, na avaliação da fonte consultada, é justamente agora, quando a convergência de fatores negativos molda um cenário desanimador. “Em doze meses, teremos mais clareza do caminho e também resultados para apresentar”, acredita. Uma agenda mais francamente positiva, no entanto, é antevista apenas para 2017, quando os investimentos em infraestrutura e a retomada da confiança do empresariado privado devem estar mais patentes.
Nas contas das autoridades econômicas, o país enfrentou dois choques de preços em período recente: a correção das tarifas administradas e o impacto da desvalorização do real. E, ao contrário do que dita o senso comum, o realinhamento dessas tarifas não se esgotou nos primeiros meses deste ano, devendo se estender ao longo de 2015. Suportar o terreno hostil ditado por esse cenário econômico, com a estridência das reações previsíveis, é uma palavra de ordem na equipe econômica.
No meio desse caminho acidentado, desta vez na avaliação do cientista político Leonardo Barreto, “o governo continuará debilitado e sujeito a fortes pressões políticas”, o que lhe impõe a necessidade de renovar sem descanso a fé dos agentes econômicos em suas intenções. Além de conceder aos grupos mais organizados da sociedade espaços de poder político e econômico. No Brasil, “a crise econômica e a crise política, apesar de distintas, figuram na mesma encruzilhada”, resume.
A regeneração da autoridade política da presidente Dilma Rousseff, acrescenta Barreto, passa diretamente pela percepção de que o Executivo é capaz de conduzir uma política econômica eficaz. Mesmo que se alcance esse objetivo, o custo político será sempre muito elevado, o que subtrai chances de realização de reformas estruturais no período do atual governo. Em meio a tudo isso, conclui o cientista político, o papel mais ativo do Legislativo e do Judiciário veio para ficar.
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