Gustavo Villela - O Globo
Dor de cabeça de milhões de brasileiros, o Imposto de Renda (IR) foi criado no país há mais de nove décadas. No apagar das luzes de 1922, foi instituída a Lei 4.625, de 31 de dezembro daquele ano. Com apenas um artigo e oito incisos, a nova lei estabeleceu a Receita Geral da República dos Estados Unidos do Brasil, com validada para o ano seguinte. “Fica instituído o imposto geral sobre a renda, que será devido, annualmente, por toda a pessoa physica ou jurídica, residente no território do paiz, e incidirá, em cada caso, sobre o conjunto líquido dos rendimentos de qualquer origem”, dizia o artigo, segundo informações da atual Receita Federal.
Mas, desde 1843, o Fisco do Império já impunha tributos sobre determinadas categorias de renda. Atingia apenas pessoas que recebiam vencimentos dos cofres públicos, em forma progressiva. Em 1874, foi estendido para indústrias e profissões; e desde 1911, havia cobranças isoladas de taxas sobre difrentes tipos de rendimentos. Em geral, antes de 1922, havia cobranças como o Imposto sobre Vencimentos, de 1843 e eliminado dois anos depois, o Imposto sobre Dividendos e o Imposto sobre os Lucros.
As taxas do primeiro IR, instituído em 1922, eram progressivas e variavam de 1% a 8%, recaindo sobre o rendimento líquido, sendo isentas as pessoas que recebiam menos de 10 mil réis - hoje a alíquota do IR chega a 27,5%. Na época, excluía-se a tributação de rendimentos gerados em certas fontes, como as da agricultura e da propriedade de imóveis.
Em janeiro de 1926, O GLOBO noticiava “As novidades da Receita”, incluindo impostos sobre mercadorias e imposto sobre a renda. Críticas à tributação do IR também são antigas. Já em 1933, o jornal publicava uma representação de especialista contra o governo provisório, por “graves falhas do novo regulamento”.
Durante a Segunda Guerra Mundial, diante da necessidade de divisas do Estado, a aplicação do IR se acelerou. Em 1944, o Imposto de Renda chegou a ocupar o primeiro lugar no ranking de rendas tributárias da União, perdendo o posto logo depois para o Imposto sobre o Consumo, seu maior rival. Uma de suas curiosidades é a maior alíquota da tabela progressiva do Imposto de Renda para Pessoas Físicas. A taxação alcançou 65%, nos exercícios de 1963 a 1965.
Último dia. Em 1962, centenas de contribuintes fazem fila para entregar declaração de renda em 21 guichês no Ministério da Fazenda, no Rio
Último dia. Em 1962, centenas de contribuintes fazem fila para entregar declaração de renda em 21 guichês no Ministério da Fazenda, no Rio 
30/04/1962/Arquivo / Agência O Globo