Ricardo Bastos/Hoje em Dia
Falhas operacionais no Fies prejudicam estudantes
Problemas – Falhas no sistema e desencontro de informações prejudicaram interessados

Dois meses não foram suficientes para que alunos que tentam começar o ensino superior com recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) fizessem o cadastro no programa. Após falhas operacionais no portal e desencontro de informações entre as faculdades e o Ministério da Educação (MEC), diversos estudantes acabaram perdendo o prazo de inscrição, que se encerrou nessa quinta-feira (30).

Autarquia responsável pelo Fies, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Estudantil (FNDE) informou que a data de inscrições não será prorrogada. Para quem ficu de fora e depende do subsídio do governo federal para iniciar os estudos, portanto, não resta alternativa senão esperar o cadastro do segundo semestre.

Em nota, o órgão também negou que o site ainda estivesse com problemas. A mensagem de que “o número de financiamentos autorizados está esgotado”, segundo o FNDE, não se trata de um erro. É apenas a informação de que não há mais recursos disponíveis para a instituição.

Outro lado

Os estudantes que tentaram, sem sucesso, fazer a matrícula, contam outra versão. “Desde fevereiro estou tendo esse aborrecimento. Em alguns momentos apareceu a nota de que não havia mais financiamento disponível. Em outras tentativas, porém, eu passava por várias etapas da inscrição, até que o sistema travava”, reclama Nestor de Moura Soares Neto, de 40 anos. Até às 20h dessa quinta-feira (30), ele não tinha conseguido encerrar o cadastro.

Sem ter como bancar o curso de Direito, que custa cerca de R$ 900 mensais, ele diz que correrá atrás de uma bolsa ou desistirá da graduação por um semestre.

Centenas de relatos semelhantes foram postados na internet. Aliás, esse foi um dos assuntos mais comentados, nessa quinta-feira (30), no Twitter. “Fies atrapalhando os sonhos de muitos estudantes” e “Milhões de alunos serão impedidos de estudar”, foram algumas das mensagens publicadas.

O boato de que o governo federal tivesse limitado as inscrições por falta de recursos também foi desmentido pelo FNDE. O órgão se limitou a informar que 250 mil novos contratos já foram assinados no primeiro semestre de 2015. Em todo o ano passado, porém, foram feitas 732 mil novas inscrições.

Os problemas não atingem apenas os estudantes. Na Justiça, o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) tenta anular algumas das novas regras do programa. Segundo Emiro Barbini, presidente da entidade, o Fies limitou o aumento do preço dos cursos em 6% e mudou a forma de pagamento às instituições, o que pode desestabilizar as finanças das faculdades particulares. “Ainda não temos novidades. Mas precisamos urgentemente negociar essas normas”.

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