quarta-feira, 20 de maio de 2015

Bin Laden preparava o filho para herdar império jihadista

DOCUMENTOS REVELADOS

Jovem Hamza, de 22 anos, filho do fundador da Al Qaeda não fez aparições públicas ou declarações em vídeos por vários anos, e seu paradeiro ainda é um mistério

Bin Laden reaparece e ameaça EUA
Documentos mostram intenção de Bin Laden de transformar filho em líder
PUBLICADO EM 20/05/15 - 12h56
O jovem combatente Hamza, de 22 anos, escreveu ao pai uma carta para dizer que estava pronto para se somar à luta depois de ter recebido treinamento com explosivos, mas não era um jovem qualquer, e sim o filho favorito de Osama Bin Laden, de acordo com informações da inteligência norte-americana.

A AFP teve acesso a mais de uma centena de documentos recentemente desclassificados, incluindo duas cartas de Hamza ao seu pai e uma da mãe do jovem implorando para que ele siga os passos de seu progenitor.
Os documentos incluem correspondências da Al-Qaeda ressaltando o desejo de Hamza de retornar ao círculo mais próximo de seu pai. Informações sugerem que o jovem participou de ataques e ajudou a produzir vídeos de propaganda quando era apenas um adolescente.
Estes documentos foram encontrados em 2011 por um comando americano em uma casa em Abbottabad, Paquistão, onde Bin Laden foi encontrado e morto a tiros.
Os documentos jogam luz sobre a organização interna da Al-Qaeda, o debate sobre seu futuro e as preocupações com a segurança de Bin Laden na casa de Abbottabad.
Ainda persistem especulações sobre o paradeiro de Hamza - chamado por um legislador britânico de "príncipe herdeiro do terrorismo" - na noite em que seu pai foi morto, e não há nenhuma prova de que ele tenha estado em Abbottabad.
O jovem não fez aparições públicas ou declarações em vídeos por vários anos, e seu paradeiro ainda é um mistério, segundo funcionários da inteligência norte-americana.
No entanto, os documentos informam sobre um jovem que se descreve como "forjado em aço", pronto para acompanhar seu pai em uma viagem em direção "à vitória ou ao martírio", e um esforço da rede para fazer com que o jovem se una a Bin Laden.
"Fico realmente triste que legiões de mujahedines tenham marchado e eu não tenha me unido a eles", escreveu Hamza ao pai em uma eloquente carta de julho de 2009, quando o jovem estava preso no Irã, de acordo com a tradução do documento realizada pela CIA.
"Temo passar o resto da minha juventude atrás das grades", acrescentou, expressando: "Meu amado pai, te anuncio que eu e os outros, com a graça de Deus, seguiremos o mesmo caminho, o caminho da jihad".
Preparado como sucessor 
Não foi possível verificar de forma independente a origem dos documentos ou a precisão das traduções realizadas pela CIA.
Os funcionários afirmam que os documentos demonstram o enorme custo que as operações de combate tiveram para a Al-Qaeda, incluindo a incapacidade para substituir líderes mortos ou capturados.
"Antes de morrer, Bin Laden reconheceu este perigo e planejou levar seu filho Hamza ao seu complexo em Abbottabad para prepará-lo como seu sucessor", disse à AFP um analista de inteligência.
Naquele momento, Hamza não via seu pai há oito anos e descreveu a dor da separação que sentiu aos 13 anos, assim como suas esperanças de um reencontro aos 22.
"Nos disse adeus e nos deixou, e foi como tivessem arrancado o nosso fígado", escreveu.
No dia 5 de abril de 2011, após a libertação de Hamza da prisão, um líder da Al-Qaeda, Atiyah abd al Rahman, escreveu a Bin Laden os detalhes de três formas possíveis de levar clandestinamente o jovem a Abbottabad.
A opção menos perigosa era enviá-lo através da província paquistanesa do Baluchistão, na fronteira com Irã, até o porto de Karachi, escreveu Rahman.
Enquanto isso, tudo havia sido organizado para que Hamza participasse de "um curso sobre explosivos", acrescentou.
Rahman também escreveu a Bin Laden prometendo a ele que Hamza seria treinado no uso de diversas armas, e acrescentou que o jovem era "muito doce e bom".
No entanto, um mês mais tarde Bin Laden estava morto.

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