segunda-feira, 23 de março de 2015

Violência cresce ano a ano e vira um fenômeno sem freio

DESAFIO

Motivos são vários, e as ações de prevenção e combate ao crime não surtem o resultado desejado

GERAL - BETIM / MG.
Homicídio. Assassinato de taxista, em Betim, ilustra a situação de epidemia de violência no país
PUBLICADO EM 23/03/15 - 03h00
Nos últimos cinco anos, o número de pessoas no sistema prisional de Minas Gerais aumentou 43% – de 37,7 mil presos para 54 mil. Ao mesmo tempo em que se prendeu mais, se investiu mais em policiamento nas ruas. De 2003 para 2014, o efetivo da Polícia Militar (PM) passou de 37 mil para 45 mil e o orçamento da corporação teve crescimento de peso (de R$ 269,1 milhões, no ano de 2012, para R$ 489,8 milhões em 2013; no ano passado, a previsão era de R$ 4 bilhões). Foram períodos em que a economia ainda se mantinha equilibrada no país, e o emprego, em alta. Mas nada disso é suficiente para reduzir a criminalidade no Estado.

O índice de crimes com uso de violência, como roubo e homicídio, saltou 64,5% (de 57,5 mil em 2010 para 94,7 mil de janeiro a novembro do ano passado), segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) – ainda não foi divulgado o balanço completo de 2014. Isso significa que, a cada hora, ao menos 11 pessoas são vítimas desse tipo de ocorrência em Minas, uma média de 283 por dia.
O roubo é o mais frequente (88% do total de crimes violentos) e foi o que teve o maior aumento no período (77%), de 47,3 mil para 83,8 mil – média de dez a cada hora. “O roubo é, geralmente, praticado por profissionais do crime que querem dinheiro a todo custo e costumam agir dentro de um esquema criminoso, com a certeza de que vão ficar impunes”, afirma o cientista político Guaracy Mingardi.
Mortes. Já o homicídio tem forte concentração em áreas chamadas “de risco”, geralmente comunidades de baixa renda onde o tráfico de drogas é atuante. Mas também é fruto de desavenças fúteis, como ciúmes e brigas de bar. “O que a gente tem visto é um crescimento do uso do homicídio como forma de solução de problemas de pessoas que, em um momento de lazer e fazendo uso de bebida alcoólica, acabam matando”, analisa a socióloga especializada em segurança pública Ludmila Ribeiro.
Causas. Especialistas de diferentes áreas discutem as principais causas desse fenômeno de violência, presente em Minas e no Brasil. Alguns atribuem o problema à própria natureza do ser humano e ao consumismo. Outros, aos fatores sociais, como desigualdade e ineficiência do sistema de segurança pública, que serão tratados nesta reportagem.

Nenhum comentário: