Diferentemente dos protestos de junho de 2013, quando não havia um grupo político que assumisse a liderança pelas demandas da população, agora vários grupos tomam a frente das convocações; e eles não concordam entre si
REDAÇÃO ÉPOCA
09/03/2015 17h05 - Atualizado em 09/03/2015 17h09
As manifestações ocorridas no país em junho de 2013 tinham como característica a ausência de um grupo político que respondesse e negociasse em nome de todos. O que havia de mais próximo disso era o Movimento Passe Livre (MPL), que, por o estopim dos protestos ter sido o aumento de R$ 0,20 na passagem do transporte público, destacou-se apenas em negociações ligadas a essa causa. Havia muitas outras, dispersas e por vezes pouco claras. O protesto marcado para 15 de março, próximo domingo, parece ser organizado de outra forma.
Identificam-se como líderes das manifestações pelo “Fora Dilma” grupos que prometem levar às ruas 100 mil pessoas em marchas por mais de 200 cidades brasileiras.
A Folha de S.Paulo publicou nesta segunda-feira (9) sobre esses grupos. Um deles é oVem Pra Rua, criado pelo empresário Rogério Chequer, de 46 anos. Ele não prega pelo impeachment de Dilma Rousseff, mas cobra maior engajamento da população.
Outro é o Legalistas, de Tôni Imbrósio Oliveira, de 58, reserva da Aeronáutica e professor de educação física. Este é o grupo que convoca simpatizantes do golpe militar no Rio de Janeiro e defende a tomada do poder por militares. Nenhuma instituição é confiável suficiente, disse ele ao jornal.
Jovens se manifestam por meio doMovimento Brasil Livre (MBL), liderado por Renan Santos, de 31, e Kim Kataguiri, de 19. O primeiro se diz liberal e é o mais velho da turma. O segundo largou a faculdade de economia na Federal do ABC por crer que “sabia mais que o professor”. "Ele nem conhecia Milton Friedman (economista americano liberal), e o pessoal me chamava de reacinha", contou Kataguiri.
Há grupos que já fazem dinheiro com o “Fora Dilma”. O Revoltados On Line, encabeçado por Marcelo Reis, vende combo de produtos com camiseta preta estampada com o brasão da República, dois adesivos e um boné. O preço, segundo o Estadão, é de R$ 175. “As vendas estão ajudando a causa. Aluguel de trio elétrico é muito caro”, disse Reis ao jornal.
A existência de grupos políticos que tentam se destacar no protesto de 15 de março não quer dizer que haja convergência. Se o Revoltados fatura com venda de camisetas, o Vem Pra Rua é contra e diz não receber dinheiro nem material de partido. O financiamento dele vem por meio de vaquinhas com integrantes. O Vem Pra Rua, por sua vez, é visto pelo MBL como "o cara mais velho, mais rico e que tem o PSDB por trás". "Eles vão para o protesto sem pedir impeachment. É como fumar maconha sem tragar", atacou Renan à Folha. E nem Vem Pra Rua, nem MBL são favoráveis à intervenção proposta pelos Liberalistas.
RCN
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