terça-feira, 17 de março de 2015

Problema não é a corrupção, mas a economia, companheiro


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br

17/03/2015

Tudo indica que, como se viu no domingo (menos do que na sexta-feira, 13), os protestos de rua estão volta. Ao contrário daqueles de junho de 2013, que começaram com reajuste de 20 centavos nas tarifas de ônibus, mas se perderam em múltiplas reivindicações, os de agora têm um alvo definido, ou seja, a insatisfação com o governo Dilma Rousseff (PT). Não se trata de antipetismo ou aecismo, impeachment ou intervenção militar. Há um problema maior incomodando, hoje, os brasileiros: é a economia.
Sob ruídos de novo panelaço, dois ministros se enredaram em explicações sobre os atos, sustentando que o governo vai combater a corrupção pra valer. Como foram flagrantemente reprovados ao tentar dar respostas – sequer dialogaram com os insatisfeitos –, a presidente decidiu, nesta segunda-feira (16), ser porta-voz de si mesma ao enfrentar o debate do qual os ministros foram incapazes. Em vez de pronunciamento em rede, que poderia ser novamente vaiado, Dilma encarou a imprensa, respondendo “humildemente” a todos os questionamentos sem o tradicional mau-humor. Saiu-se bem e admitiu, ao fim e ao cabo, que a “corrupção não poupa ninguém e está em todo o lugar”, o que já foi um avanço, mas, como seus ministros, não priorizou a economia, que, no fundo, atordoa os brasileiros.
Ao contrário deles, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, provavelmente, foi mais assertivo ao dar o tom verdadeiro e franco ao debate. Ele disse, textualmente, que o país – isso inclui o próprio governo, Congresso Nacional, políticos, empresariado e a sociedade – precisa “ter coragem e não pode ter medo” para fazer o que tem que ser feito, no caso os ajustes fiscais. Caso contrário, “ficaremos paralisados”. Contas públicas em ordem, segundo ele, são a primeira coisa para ter confiança no país”. A palavra chave é essa confiança, entre a presidente e o Congresso Nacional e entre seu governo e a população. Sem ela, a insatisfação crescerá ainda mais.
Mesmo que seja impopular, o ajuste precisa ser feito, ainda que contrarie as políticas defendidas na campanha. Ter coragem e não ter medo, assumindo que errou, ou então que o discurso de campanha é de marketing e não de realidade, porque essa não dá voto. Se houver coragem, “não vai ser difícil” executá-las (medidas), disse Levy.
Combate à corrupção, por outro lado, soa como peça de marketing e de retórica, até porque o assunto está hoje com o Judiciário e não com o Executivo.

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