sexta-feira, 13 de março de 2015

Policial que agrediu aluno na porta de escola volta a trabalhar, diz delegado

Daniel Carneiro estava de licença médica devido a problemas psicológicos.

Vídeo mostra agente dando tapas e socos em colega de sua filha; assista.

Sílvio TúlioDo G1 GO, com informações da TV Anhanguera

O policial civil Daniel Carneiro, de 51 anos, que foi filmado agredindo um garoto de 13 anos na porta de uma escola, voltou a trabalhar nesta quinta-feira (12) no 18º Distrito Policial, localizado no Setor Conjunto Vera Cruz, em Goiânia, onde é lotado. Segundo informou ao G1 o delegado Celso Tristão, responsável pela unidade, ele está atuando na área administrativa até que a Corregedoria analise a agressão.
Daniel estava de licença médica há cerca de 30 dias por conta de problemas psicológicos, explica Tristão. "A licença venceu ontem [quarta-feira, 11] e ele voltou hoje. Ele já atua aqui comigo há uns dois anos e nunca apresentou qualquer comportamento estranho", afirma.
A agressão ao menino ocorreu na manhã de terça-feira (10), em frente ao Colégio Estadual Alfa Ômega, em Trindade, Região Metropolitana de Goiânia. A confusão foi gravada por estudantes que estavam no local (veja vídeo acima).
É possível ver o adolescente levando tapas e socos, encostado no carro do suspeito. Em seguida, o policial joga o estudante no chão, o enforca e volta a atingir o seu rosto com mais tapas. Neste momento, outros estudantes que estavam no local tentam separar os dois.
Porém, a confusão não termina. Na continuação do vídeo, o policial aparece saindo de seu carro apontado uma arma para os alunos que estão na rua. No entanto, segundo a polícia, ele não efetuou nenhum disparo.
Procurado pela TV Anhanguera, Daniel não foi encontrado para comentar o caso.
Inquérito
Daniel e o garoto foram levados para a delegacia. O suspeito assinou um boletim pelo crime de vias de fato e foi liberado. Já o menor foi encaminhado para um hospital, onde realizou exame de corpo de delito.
De acordo com a delegada Renata Vieira, responsável pela investigação, Daniel deve responder em liberdade pelo crime de exposição ao perigo, por ter apontado a arma, e por uma contravenção, pela agressão ao adolescente, que não chegou a se ferir.
Policial agride colega da filha e saca arma na porta de escola em Trindade, em Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Policial agride colega da filha e saca arma na porta de escola (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
O agente alegou em depoimento que o garoto e um colega, namorado de uma rival de sua filha, foram até a sua casa e ameaçaram a garota. Isso teria motivado a agressão. Porém, segundo Renata, diante da situação, Daniel poderia ter procurado a polícia e a escola antes de cometer a agressão.
"Ele deveria ter comunicado o problema à direção da escola e aos pais dos alunos, além de registrar um boletim de ocorrência sobre a suposta ameaça, o que não foi feito na delegacia", explica.
Arma usada pelo policial que agrediu colega da filha é apreendida em Goiás (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)Arma usada pelo policial foi apreendida após
confusão (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
Ficha policial
A Corregedoria da Polícia Civil investiga o caso e já instaurou processos administrativo e penal. Segundo a corporação, ele havia sido expulso da corporação em 2002 pelo crime de corrupção, mas foi reintegrado em 2009 por ordem judicial.
Em 2004, o policial foi apontado como autor da morte da ex-mulher. Segundo o Tribunal de Justiça de Goiás, ele foi condenado por homicídio qualificado e, atualmente, cumpria pena em regime aberto domiciliar. O agente ainda é suspeito de cometer um furto.
A Polícia Civil afirmou que os crimes atribuídos ao policial foram cometidos quando ele estava fora da corporação, e acrescentou que “a conduta praticada pelo referido policial é isolada e inadequada para uma instituição que prega o bom atendimento e qualidade nos serviços que presta”.

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