quinta-feira, 26 de março de 2015

PMDB mineiro copia Brasília e ameaça romper bloco com PT


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br

26/03/2015

O conflito de convivência e desgaste na relação PT e PMDB não são mais exclusivos de Brasília. Por aqui também, o PMDB mineiro ameaça, numa primeira etapa, romper com o bloco governista, formado por 32 parlamentares, para resgatar, segundo dizem lá, a própria independência. O ponto de conflito está localizado na Secretaria de Governo, onde, segundo os peemedebistas, suas reivindicações não andam, especificamente as indicações de cargos comissionados para o segundo e terceiro escalões. “Só nomeiam os petistas”, reclamam os peemedebistas sobre os mais de 10 mil cargos que estariam disponíveis.
O clima já não é mais de queixas, mas de ultimato, e o prazo se acaba no final deste mês, quando fica superado o imbróglio da votação do orçamento estadual, que durou três meses e ocupou todas as atenções entre governistas e oposição. De presidente da Assembleia Legislativa a articulador político do governo, Adalclever Lopes (PMDB) agora está investido da condição de bombeiro desse “princípio de incêndio” entre os dois principais aliados do novo governo mineiro. “Estamos em rota de colisão”, avisou um dos líderes do partido apontando a revolta peemedebista na direção do secretário de Governo, Odair Cunha (PT).
Como aliados preferenciais, eles querem participar do governo de acordo com o tamanho da bancada (10 deputados). O partido tem cinco secretarias no Estado, mas reclama que, mesmo nessas pastas, só pode indicar o secretário. Outro que vestiu o traje de bombeiro, o líder do governo, Durval Ângelo, antes um franco-atirador, participou de encontro com o governador Fernando Pimentel (PT) e Adalclever Lopes, na terça-feira (24), buscando a pacificação. Durval está convencido de que a dobradinha mineira dos dois partidos tem perfil diferente daquele de Brasília. “Aqui, nós fazemos política, somos do diálogo”, avaliou o líder governista.
Em Brasília, o PMDB não quer apenas participar do governo, mas governar também. Além de impor consecutivas derrotas à presidente Dilma Rousseff, os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB, definiram uma pauta conjunta para estabelecer quais projetos devem ser aprovados nas duas casas. Querem mudar até mesmo as medidas de ajuste fiscal para reequilibrar as contas públicas. Petistas acusam os dois de estabelecer uma espécie de “parlamentarismo branco” no momento de maior fragilidade da presidente Dilma Rousseff, de baixa popularidade e descontrole na economia.
Piso opõe governo e sindicato
Após a terceira reunião sem avanços, o Sindicato dos professores estaduais (Sind-UTE) acusou o governo mineiro de má-fé e de insinuar ameaças durante as negociações pela implantação do novo piso salarial. Como já foi dito aqui, o governo só irá atender a essa reivindicação durante os quatro de mandato, até 2018. Na reunião de terça-feira (24), o governo reafirmou o abono salarial de R$ 160,00 em quatro parcelas, excluindo os aposentados.
“Lamentável a postura dos representantes do governo que, diante da ausência de argumentos para o bom debate e de propostas concretas, tentaram desqualificar o sindicato”, contestou a diretoria do sindicato, afirmando que a lógica da atual gestão é construir a proposta de pagamento do piso salarial ao longo de quatro anos, mas sem apresentar outra proposta para além do abono de R$ 160,00.

Nenhum comentário: