terça-feira, 10 de março de 2015

Pior do que as ruas e oposição é não ter apoio político nessa hora


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
 

10/03/2015

O governo Dilma Rousseff (PT) fez aposta errada ao calcular que a revelação da lista do procurador-geral Rodrigo Janot pelo Supremo Tribunal Federal deslocaria a crise do Palácio do Planalto para o Congresso Nacional. No pior dos cenários, poderia dividi-la com ele. Antes que isso acontecesse, a presidente foi à tevê e rádio, em rede nacional, para falar da crise, ou melhor, das duas, a política e a econômica. Erro de estratégia, quem sabe. O fato é que existem duas crises, uma de sua inteira responsabilidade, a econômica, e a outra política, que deixa conexões e contaminação para todos os lados.
Ao reaparecer na TV, ficou na linha de tiro dos insatisfeitos, que estão em número crescente, como atestou, no mês passado, pesquisa do instituto Datafolha, segundo a qual a maioria que a reelegeu não é mais a mesma. A maioria que votou em Dilma é a mesma que, agora, parte dela, está reprovando porque encontrou uma realidade diferente daquela que foi intensamente debatida e referenciada na campanha eleitoral. Diziam na campanha - e os norte-americanos sempre avisaram - que a economia pautaria a decisão eleitoral, e assim foi, como agora também influencia na reação das pessoas, incluindo as que votaram em Dilma.
Não se ouviu ninguém xingando os políticos suspeitos de envolvimento no escândalo da Petrobras. Ainda assim, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, saiu nesta segunda-feira (9) em defesa da presidente em um discurso genérico e sem endereço na busca de culpados. Ao contrário do que pensam o ministro e dirigentes do PT, a oposição ainda não tem essa capacidade de mobilização como também não teve no movimento dos caminhoneiros. No máximo, pega carona. Tivemos, sim, dois turnos nos quais a presidente teve maioria dos votos, o que lhe dá inteira legitimidade para administrar os problemas nacionais e governar, mas não a livra de críticas e manifestações, sejam de reprovação ou protesto.
Não adianta culpar a oposição por isso ou por aquilo porque nada do que disser resolverá as dificuldades econômicas. O fundamental é montar logo o tal gabinete de crise para enfrentar os solavancos que vêm por aí. Protestos e manifestações mexem, por enquanto, na vaidade, imagem e na popularidade e são resultados da falta de liderança e de soluções. O desafio maior da presidente é convencer o Congresso Nacional e as principais lideranças políticas do caminho que escolheu para vencer a crise de 2015 para salvar 2016.
Ouvir e ser alvo de manifestações e enfrentar a oposição fazem parte do jogo democrático, mas brigar com a própria base aliada, dizendo que ela é que o problema, é um verdadeiro tiro no pé. A realidade lá fora continua sendo cruel.
Contagem regressiva
A partir desta terça-feira (10), o governo mineiro começa a contagem regressiva para enfrentar um de seus maiores problemas. No dia 31 de março, vence o prazo dado pelo STF para demitir os cerca de 70 mil servidores da extinta Lei 100 (que os contratou sem concurso). Nesta terça-feira (10), a Assembleia Legislativa volta a discutir o assunto na votação da reforma administrativa do governador Fernando Pimentel (PT). Se emenda autorizando designação automática for aprovada, a crise fica adiada até o final do ano, mas os servidores podem perder seus direitos previdenciários. Caso contrário, perderão o cargo.

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