domingo, 15 de março de 2015

Não há gesto de parte alguma para o entendimento


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br

15/03/2015

O país dá hoje mais um passo para dias nervosos e de incertezas, menos pelas manifestações de sexta-feira (13) e deste domingo do que pela falta de lideranças e da incapacidade dos que deveriam tentar buscar o diálogo e o entendimento. Em vez disso, o que se vê são tentativas, de ambos os lados, e de outros também, de apostar no confronto, na radicalização e no quanto pior, melhor. Assim, todos saem perdendo, petistas, tucanos, peemedebistas, especialmente o cidadão brasileiro.
 
As vaidades e os poderes os impedem de admitir os próprios erros, levando um e outro a se acusarem, mutuamente, disso e daquilo. Afirmam aqueles que a corrupção começou ali; esses, que foi acolá. Que uns aparelham e se utilizam do patrimônio público; que outros querem privatizá-lo. Discursos prontos, que, de tão antigos e manjados, chovem só na própria horta, molhando suas torcidas organizadas.
 
Todos reconhecem a suspeição dos financiamentos privados de campanha, a relação espúria entre empreiteiros e políticos, que discursos de campanha são um e os de governo são outros, que são realidades distintas. E por aí vai, e ainda ensaiam discursos de salvaguarda como reforma política com participação popular, regulação de mídia e financiamento público. Todos igualmente são incapazes de mover um dedo sequer para a nova construção.
 
Se a presidente Dilma Rousseff está em litígio com aqueles que escolheu para governar consigo; se parte do Congresso Nacional está em suspeição pelos escândalos que envolvem políticos, empreiteiros e altos funcionários da estatal símbolo da soberania nacional significa que estamos no fundo do poço. Ao lado disso, há uma crise econômica para ser enfrentada. Em vez disso, lideranças do porte dos ex-presidentes Lula e FH (aqui não cabe referências aos outros ex, José Sarney e Fernando Collor) estão cada um a instruir seus “exércitos” para ver quem vencerá mais essa disputa, que, depois das urnas, teria um terceiro turno nas ruas.
 
E o cidadão ainda quer saber: como sair da crise econômica? O pacote de Dilma terá eficiência? Os políticos vão tomar juízo e controlar a corrupção e outros desvios? O Judiciário punirá os culpados e garantirá a devolução dos recursos desviados?
 
Iniciativas necessárias
 
Por falar em soluções e reforma política, duas importantes instituições de Minas iniciam amanhã esforços para enfrentar alguns desses grandes problemas nacionais. A OAB Minas lança, nesta segunda-feira, a Campanha de Combate à Corrupção. E o juiz Márlon Reis, coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, participa, no mesmo dia, de debates na PUC Minas para discutir a reforma política ao lado do reitor Dom Mol Guimarães, representante da CNBB.
 
Ainda no evento, o juiz lançará livro, de sua autoria, O Nobre Deputado – Relato completo (e verdadeiro) de como nasce, cresce e se perpetua um corrupto na política brasileira. Na obra, ele apresenta os resultados de pesquisa inédita, na qual conseguiu ouvir pessoas que participam dos meandros da política sobre como se define a eleição de um deputado federal ou estadual. E o movimento pela coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular pela Reforma Política e Eleições Limpas, da CNBB, continua neste mês de março.

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