domingo, 15 de março de 2015

Na tentativa de explicar, ministros ampliam confusão

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, adota tom institucional e reconhece força dos protestos, mas Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência, fala como manifestante inflamado

ALBERTO BOMBIG
15/03/2015 20h09 - Atualizado em 15/03/2015 20h11


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Os ministros Miguel Rossetto (Secretaria da Presidência, à esq.) e José Eduardo Cardozo (Justiça) falam com a imprensa na noite deste domingo (Foto: José Cruz/ABr)
O governo escalou os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência) para responder às manifestações contra a presidente Dilma Rousseff e o PT deste domingo (15), mas não conseguiu evidenciar qual a estratégia do Planalto para lidar com a crise. Enquanto Cardozo fez uma fala institucional e buscou o equilíbrio entre os interesses do Planalto e a insatisfação dos milhares de brasileiros que foram às ruas, Rossetto adotou a postura de um militante petista indignado com os eventos.
 
 
 
 
 
 
Cardozo foi o primeiro a falar, antes de começar a entrevista coletiva. Ele reconheceu a legitimidade dos protestos, não minimizou nem ridicularizou os manifestantes, não insistiu no famoso "nós contra eles" do PT, e disse que Dilma quer o diálogo. "Estamos abertos a ouvir propostas". O ministro da Justiça também reforçou o combate à corrupção como bandeira do Planalto e a necessidade de uma reforma política. “O governo está aberto a ouvir as vozes daqueles que protestam e daqueles que aplaudem”, disse.
O discurso de Cardozo marcou uma inflexão importante na postura adotada pelo PT e pelo governo na semana passada, após o “panelaço” em protesto ao pronunciamento de Dilma no domingo (8) pelo Dia Internacional da Mulher. Na ocasião, os dirigentes petistas chegaram a acusar a oposição de ter “financiado” o panelaço.
Imediatamente após a fala de Cardozo, no entanto,  Rossetto subiu o tom e atacou o que chamou de “golpismo” e de “intolerância”. Segundo ele, os protestos deste domingo (15) reuniram apenas manifestantes que não votaram em Dilma no ano passado. Ele também insistiu na tecla de que o Planalto está empenhado no combate à corrupção e que não vê necessidade de grandes mudanças. Por fim, pregou a necessidade da reforma política como solução para todos os males que hoje afligem o governo.
No jargão do marketing político, Cardozo “falou para fora”, para os “não convertidos”, e Rossetto falou “para dentro”, para a militância que precisa de combustível para continuar defendendo Dilma. O resultado final foi ruim.
Conforme apurou ÉPOCA, no saldo final, o Planalto considerou que a iniciativa de colocar os dois ministros, lado a lado, para dar respostas aos protestos fracassou porque gerou mais ruído num momento em que o país espera uma mensagem clara do que pretende a presidente Dilma e seu governo.

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