Wesley Rodrigues/Hoje em Dia
Movimentos populares criticam política econômica
Manifestantes fizeram bloqueio no Anel Rodoviário, próximo ao viaduto São Francisco

Depois dos protestos de domingo passado organizados por grupos oposicionistas, na última quarta-feira (18) foi a vez de movimentos sociais colocarem o bloco na rua. Manifestantes fecharam vias importantes em pelo menos sete estados, inclusive Minas Gerais. Eles criticaram a política econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) e reivindicaram medidas em favor de suas bandeiras históricas. Também rechaçaram os pedidos de golpe militar de ativistas de direita que têm comparecido aos atos contra o governo.
Os protestos da última quarta-feira (18) foram organizados em 13 capitais e coincidiram com a divulgação da pesquisa Datafolha que mostrou que 62% dos brasileiros classificam a gestão da presidente Dilma como ruim ou péssima. Para especialistas, o resultado não surpreende, tendo em vista as manifestações do último domingo, dia 15, que pediram o combate à corrupção e criticaram o governo.
O professor de Ciência Política e Relações Institucionais do Ibmec, Oswaldo Dehon, avalia que há uma insatisfação grande, para além dos eleitores de Aécio Neves. “No domingo, verificamos uma presença maior de eleitores do Aécio, que já estavam convencidos, no ano passado, de que Dilma Rousseff não era a principal solução para os problemas do país, mas as pesquisas mostram que existe uma avaliação regular negativa a mais que os que votaram no Aécio”, ressaltou Oswaldo.
“Já as manifestações de hoje (na última quarta) têm a ver com movimentos organizados que lutam por moradia, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)”, completou.
Dehon acredita que há insatisfação mesmo nos estratos mais beneficiados pelas políticas sociais do governo Federal, como entre quem utiliza o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). “A crise no Fies, por exemplo, cria problemas com os dois tipos de eleitores, assim como o aumento nos postos de combustíveis. Isso acaba ficando caro para o governo, gerando grande descontentamento em ambos os lados”, destacou.
A professora de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marlise Matos, entende que a corrupção é a principal motivação da insatisfação popular.
“Temos um contexto onde finalmente a população se organiza, se mobiliza diante de mazelas políticas, esse é um ponto positivo. As pessoas estão atentas ao fato de que a corrupção é um câncer que mina a cultura da política brasileira, independentemente de classe, região ou religião”, disse Marlise.
As manifestações foram convocadas também pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, que havia sido chamado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ir às ruas em defesa do governo Dilma na última sexta-feira. Em Minas, no entanto, os sem-terra não participaram do protesto da última quarta-feira (18).
Movimentos populares criticam política econômica
Principais reivindicações
Moradia
Remodelagem e lançamento imediato do programa Minha Casa, Minha Vida 3. Para os manifestantes, o programa deve priorizar a gestão direta pelos movimentos em detrimento das empreiteiras. Além disso, eles pedem localização central, maior qualidade das moradias e a garantia de que ao menos 70% das moradias sejam destinadas para famílias com renda até três salários mínimos.
Transporte
Tarifa zero nos transportes públicos em todas as cidades brasileiras. Os movimentos pedem a efetivação do transporte público como direito social, financiado por tributação progressiva, caracterizado como serviço público fundamental que assegura o acesso a outros direitos como lazer, trabalho, saúde e educação.
Política pública
Os movimentos também pedem que não ocorram despejos sem alternativa prévia de realocação das famílias.
Segurança
Fim da violência policial nas ocupações e comunidades carentes, que consideram sistemática e estrutural.