domingo, 15 de março de 2015

Manifestações com sinais invertidos

Ricardo Galuppo
Ricardo Galuppo
rgaluppo@hojeemdia.com.br
  

15/03/2015

Vivemos sob a ditadura do politicamente correto. Epa! Ditadura, não! Vivemos, então, a era do politicamente correto, em que nos vemos obrigados a medir palavras para não ferir temperamentos suscetíveis. Portanto, não vamos chamar de “samba do crioulo doido” as manifestações que ocorrem no Brasil no presente momento. Vamos chamá-las (tanto as que defendem quanto as que atacam a presidente Dilma Rousseff) de “melodia do afrodescendente mentalmente prejudicado”. Sem querer interferir no sagrado direito à manifestação, que deve ser assegurado a todos, é bom parar e pensar. Vamos despir a camiseta vermelha, dos defensores de Dilma, ou a amarela, dos opositores, respirar três vezes e olhar sem paixão para o cenário das ruas.
 
A CUT promoveu anteontem, em diversas cidades do país, ato supostamente em defesa da Petrobras. Os manifestantes protestaram contra medidas anunciadas pela presidente nos momentos iniciais do segundo mandato. São contra o ajuste fiscal e a redução de direitos trabalhistas que acusam Dilma de querer fazer. Em Salvador, chamaram para defender a Petrobras o petista que estava no comando quando a estatal se viu tungada num dos maiores esquemas de corrupção já vistos no mundo. Ele mesmo, José Sérgio Gabrielli — que, na véspera, tratou com extremo cinismo os deputados que tentaram interrogá-lo na CPI armada para investigar a roubalheira na empresa. Com defensores como Gabrielli, a Petrobras dispensa inimigos. Mesmo assim, lá estava ele, acusando a oposição de querer destruir o patrimônio do povo. Na mesma sexta-feira, o ”coordenador” do MST, o economista João Pedro Stédile, desafiou a presidente: “Se tem coragem, saia do Palácio e vem (sic) para a rua ouvir o que o povo quer”. É esse tipo de gente que defende Dilm.
 
E os que são contra? Bem... vamos esperar as manifestações de hoje para ver. Boa parte da crise que o Brasil atravessa é fruto, sem dúvida, da gastança irresponsável promovida pelos governos do PT no tempo em que a economia parecia viver o melhor dos mundos. Mas sob a batuta de Joaquim Levy Dilma está promovendo uma arrumação um pouco mais ortodoxa da economia. E bastou que as anunciasse para ser vítima da reação irada de adversários que defenderiam as medidas caso elas estivessem sendo adotadas por Aécio. 

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