sexta-feira, 20 de março de 2015

Desafio de Pimentel será gerenciar as expectativas


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br

20/03/2015

Ao contrário do resto do país, Minas Gerais caminha para completar, daqui a 12 dias, o terceiro mês do atual governo sem orçamento. É o único Estado nessa situação. Por conta do embate entre petistas e tucanos, especialmente os primeiros, a Assembleia Legislativa não conseguiu votar o projeto de orçamento elaborado pelo governo anterior, de Alberto Pinto Coelho (PP) na coligação tucana. A partir de ajustes acordados, em procedimento e números, a votação do projeto deve ser concluída até o final deste mês.
A partir de abril, o Estado terá em mãos essa principal ferramenta de gestão, sem a qual não pode investir em novas obras, retomar as que estão paradas, liberar convênios que irão socorrer prefeituras e pagar dívidas de fornecedores, entre eles construtoras. As estradas mineiras também reclamam urgente manutenção; a construção dos hospitais regionais está parada, escolas e postos de saúde aguardam reformas, enfim, um quadro de emergência própria da gestão, com reflexos em outros poderes, como o Judiciário, que está com a construção do Fórum de Uberlândia totalmente interrompida pela mesma razão.
Além da operacionalização da máquina, o governador Fernando Pimentel (PT) tem ainda uma alta conta a acertar com os mineiros com a entrega de grandes compromissos feitos na campanha. Em função do estado crítico das finanças estaduais e do agravamento da crise nacional, Pimentel não poderá contar com a ajuda, também prometida, da presidente Dilma Rousseff (PT) para cumprir os compromissos, especialmente com as grandes expectativas de ampliação do metrô de BH e do anel rodoviário e duplicação da BR-381 até Governador Valadares.
Pelo menos, neste ano não vai dar. Em 2016, será ano de reconstrução dos palanques, contra e a favor, durante a sucessão municipal. Até lá, terá que gerenciar as grandes expectativas dos mineiros e evitar conflitos políticos que o exponham além do adiamento das promessas.
Nesse sentido, recolher as armas seria o mais aconselhável, buscando ainda uma reaproximação com o amigo de outrora e prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB).
De novo, a economia
Discurso da campanha é feito para quatro anos, como disse nesta quinta-feira (19) o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), ao comentar a queda na aprovação do governo e argumentar que ele não pode ser cobrado em só dois meses. Faz sentido. Ainda assim, o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes, polêmico como seu irmão, advertiu a presidente que o mais importante é evitar a recessão.
“O que importa é a economia, amigo. A recessão é uma ameaça. A moeda do Brasil está derretendo diante das moedas internacionais. E isso significa que a renda média do brasileiro está sendo derretida. A recessão ameaça o empreendedor e daqui a pouco avançará sobre o nível de emprego do país. Você tem uma situação de inflação que ameaça o poder de compra das famílias dos trabalhadores. Um quadro absolutamente preocupante”, afirmou ele, antes da queda de seu irmão, Cid Gomes.

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