quarta-feira, 25 de março de 2015

Crise política obriga partidos a dialogarem para evitar o pior

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
  

24/03/2015
A terceira pesquisa de opinião deste ano traz o pior cenário possível ao futuro do governo Dilma Rousseff, da economia e dos principais serviços públicos. Além de confirmar a reprovação crescente na avaliação do governo e da presidente, a pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes/MDA, divulgada ontem, traz um dado preocupante quando relaciona fortemente os escândalos da Petrobras ao governo e à presidente, criando um quadro que dificulta sua recomposição política.

De acordo com os números, 68,9% dos entrevistados consideram que Dilma é responsável pelo esquema de desvio de recursos contra 23,7% que discordam. Não é mais se ela sabia ou não do que acontecia, como admitiu 84% dos ouvidos pelo Datafolha (dias 16 e 17 de março), agora, fazem, nessa pesquisa, vinculação de responsabilidade, ainda que não haja, objetiva ou materialmente, fato que a incrimine. O ex-presidente Lula também é considerado responsável pelo que vem acontecendo na Petrobras na avaliação de 67,8%.

O mesmo levantamento diz que 83,2% apoiaram as manifestações do domingo (15 de março). Se os números já eram ruins, agora, o sentimento põe o governo no centro da crise e confirma um perigoso quadro de descrédito institucional generalizado. Tanto é que expressivos 90% avaliam que os citados como suspeitos de desvios na estatal são culpados, mas 65,7% não creem em punição. A partir daí, fica um campo aberto para aventureiros de todos os tipos.

Crises, como a atual, obrigam os partidos políticos, sejam governistas ou de oposição, a conversarem mais entre si e melhor sobre os rumos do país. Até porque, sabe-se que a corrupção vem de longe e é recorrente no país e em governo de várias bandeiras. A crise econômica, de sua vez, não é uma equação simples, na qual se distingue suas variáveis e efeitos, porque atinge a todos.

Se a solução das mazelas seria a reforma política, até para fazê-la os partidos políticos teriam que recuperar a própria credibilidade. Quem vai começar? O PT, o PSDB, o PMDB ou outro? Por isso, não adianta fazer política de terra arrasada, de quanto pior, melhor, porque a reforma política não deveria ser feita porque o partido A não presta ou o B é corrupto. A reprovação atinge a todos. Até mesmo para aceitar e acreditar na reforma política, o cidadão, que hoje reprova o governo que acabou de eleger, precisaria voltar a confiar em alguém ou em alguma instituição. Que esse alguém e essa instituição sejam da via democrática.

Aprovados no teste de fogo

Os secretários de Planejamento, Helvécio Magalhães, e de Fazenda, Afonso Bicalho, passaram no teste de fogo diante de blocos opostos, prontos para o confronto ao sinal de fagulha, durante audiência na Assembleia Legislativa. Não caíram na tentação do debate político e mantiveram-se no limite das avaliações técnicas, embora tenham deixado bem claro as razões da revisão do orçamento do Estado.

Pelo confronto calculado que se viu de ambas as partes, não ficou nada que impedirá a votação do projeto de orçamento do Estado nesta semana. É claro que, no plenário, o debate será mais aquecido pela audiência das galerias e da TV Assembleia, com posições demarcadas de tucano e petistas e seus aliados.

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