sábado, 14 de março de 2015

A comparação será inevitável

por Cristiana Lôbo

Ao final desta sexta-feira de manifestações em várias cidades do país, organizadas pelos movimentos sociais, o governo considerou o saldo positivo: em lugar de estar na berlinda, como era prometido até pela aliada histórica CUT, que pretendia criticar o ajuste fiscal em curso, o governo viu bandeiras com o nome da presidente Dilma e palavras de ordem em favor da democracia e defesa da Petrobras. 


Não foi um dia de protestos, mas de manifestações de apoio a ações que têm o patrocinio do governo, como a reforma política, por exemplo. Até a crítica ao ajuste fiscal foi feita de forma mais suave, com faixas em defesa "mais direitos aos trabalhadores".
 
O público em São Paulo foi bem maior do que o esperado pelo próprio governo – cerca de 15 mil pessoas, segundo avaliação da Polícia Militar e 100 mil para os organizadores. Mais um motivo para comemoração para os petistas que vêem em São Paulo o reduto mais crítico ao governo e o menor espaço para o crescimento do partido. Em todo o país, as manifestações foram pacíficas, o que também deu tranquilidade.
 
Agora, as atenções dos ocupantes do Palácio do Planalto estão voltadas para as manifestações do próximo domingo. O governo sabe que o tom será bem diferente – protestos contra o governo e até pedidos de impeachment podem aparecer num ou noutro núcleo de manifestantes. 
 
Será inevitável, contudo, a comparação de público nas manifestações desta sexta e nas do próximo domingo. Além disso, se a de hoje foi pacífica, a de domingo não poderá ter problemas de segurança, depredações ou quebra-quebra ou confronto. Se alguma coisa acontecer, estará aberta a possibilidade de crítica aos manifestantes.

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