segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Veja os números da economia brasileira que Levy irá enfrentar

05/01/2015 13h15 - Atualizado em 05/01/2015 13h43

Joaquim Levy assume o Ministério da Fazenda no lugar de Mantega.

Baixo crescimento, inflação alta e controle fiscal são principais desafios.

Do G1, em São Paulo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega (dir.), cumprimenta seu substituto no novo mandato de Dilma Rousseff, Joaquim Levy, durante encontro em Brasília (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)Levy durante encontro com Mantega em dezembro,
em Brasília (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Joaquim Levy assume o Ministério da Fazenda nesta segunda-feira (5) em meio a números desfavoráveis de desempenho da economia. Entre os principais desafios do novo ministro estão o baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a inflação elevada, o descontrole das contas públicas e o déficit da balança comercial.
A cerimônia de posse será realizada no edifício-sede do Banco Central, em Brasília, a partir das 15h.
O novo ministro já anunciou que o objetivo imediato é estabelecer uma meta de superávit primário para os três proximos anos que contemple o controle e declínio da dívida pública. Segundo ele, essa meta é fundamental para o aumento da confiança na economia e para a consolidação dos avanços sociais.
Levy fixou uma meta de superávit primário (a economia feita para pagar juros da dívida pública e manter sua trajetória de queda) para o setor público de 1,2% do PIB para 2015 e de pelo menos 2% do PIB para 2016 e 2017.
Levy assume o posto no lugar de Guido Mantega, que deixa o governo após quase 9 anos comoministro da Fazenda que mais tempo permaneceu no cargo em governos democráticos.
Confira a seguir um panorama da evolução dos principais números e indicadores da economia brasileira durante o primeiro mandato da presidente Dilma Roussef:

Crescimento econômico
Variação anual do PIB, em %
2,712,50,15201120122013201400,511,522,53
* Estimativa para 2014 é do Boletim Focus do BC

'Pibinho'
A economia brasileira saiu da recessão técnica no 3º trimestre, mas terminou o ano perto de zero.

Segundo pesquisa feita pelo Banco Central com mais de cem instituições financeiras – o Boletim Focus – a previsão dos economistas é que o PIB tenha uma alta de 0,15% em 2014.
O resultado do PIB de 2014 deverá ser o pior desde 2009, quando houve queda de 0,3%.


Inflação
Variação anual do IPCA, em %
6,55,845,916,56201120122013201401234567
* Estimativa para 2014 é do Boletim Focus do BC

 
Alta dos preços
A inflação deverá estourar o centro da meta de 4,5% anuais pelo 5º ano consecutivo em 2014 (o dado deve ser divulgado no início de janeiro).
No acumulado em 12 meses até novembro, a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),acumulou alta de 6,56%, completando 4 meses seguidos acima da meta do Banco Central, de 6,5%.
A expectativa do mercado, entretanto, é de que o indicador fechou 2014 em 6,56%, acima do teto da meta.


Superávit primário
Economia para pagar juros da dívida, em R$ bilhões
93,588,577-19,642011201220132014-50-250255075100
* Resultado do acumulado até novembro

Controle fiscal
As contas públicas têm registrado forte deterioração. De janeiro a novembro deste ano, o governo central – União, estados, municípios e estatais – acumula um rombo de R$ 19,64 bilhões, o primeiro da série histórica do Banco Central (BC) para o período.
Até o final do ano deveriam sobrar, pela meta inicial do governo, pelo menos R$ 116,1 bilhões, equivalentes a 1,9% do PIB.
O objetivo, entretanto, foi abandonado e o governo aprovou no Congresso um projeto de lei que autoriza a redução do superávit primário (volume de poupança destinado ao pagamento de juros da dívida pública) para poder fechar as contas públicas de 2014.
Levy fixou uma meta de superávit primário para o setor público de 1,2% do PIB para 2015 e de pelo menos 2% do PIB para 2016 e 2017, e disse que haverá diminuição de gastos.

Dívida líquida do setor público
Em % do PIB
36,435,333,636,22011201220132014010203040
*Resultado do acumulado até novembro

Dívida pública
Após 4 anos seguidos de queda, a dívida líquida do setor público (indicador que fornece uma pista sobre a capacidade de pagamento de um país) voltou a crescer em 2014, somando até novembro R$ 1,84 trilhão ou 36,2% do PIB, contra 33,6% do PIB em dezembro de 2013.

A dívida líquida considera os ativos do país como, por exemplo, as reservas internacionais – atualmente acima de US$ 370 bilhões.
Também houve aumento na dívida bruta, uma das principais formas de comparação internacional, que inclui todos os passivos públicos, inclusive os títulos do Tesouro emitidos para injetar dinheiro no BNDES. No fim do ano passado, estava em 56,7% do PIB,avançando para 63% do PIB em novembro deste ano. Se confirmado para todo ano de 2014, será o primeiro aumento desde 2012.

Balança comercial
Exportações menos importações, em US$
29,1919,392,56-4,222011201220132014-10010203040
*Resultado de 2014 é do acumulado até novembro

Comércio exterior
O Brasil deverá registrar em 2014 o primeiro déficit na balança comercial desde 2000.

No acumulado até novembro, as importações superaram as exportações em 4,22 bilhões.
Somente no mês passado, o déficit nas transações do comércio exterior foi de US$ 2,350 bilhões, o pior resultado para o mês nos últimos 20 anos.
O novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, declarou que a promoção da competitividade é o "desafio central" para o crescimento do país e desenvolvimento da indústria.


Transações correntes
Resultado anual, em US$ bilhões
-52,5-54,3-81,1-86,22011201220132014-100-80-60-40-200
*Dado de 2014 é projeção do BC

Déficit das contas externas
O país vem acumulando sucessivos déficits em transações correntes, que engloba a balança comercial, os serviços e as rendas – e é um dos principais indicadores do setor externo brasileiro.
No acumulado dos 11 primeiros meses deste ano, o resultado negativo somou US$ 80,3 bilhões, o que representa uma alta de 10% frente ao mesmo período do ano passado.
A estimativa do Banco Central é de as contas externas brasileiras devem fechar 2014 com um resultado negativo de US$ 86,2 bilhões, o pior resultado em 13 anos e o equivalente a 3,94% do PIB

Evolução da Selic
Em % ano ano
117,251011,75em % ao anodez/2011dez/2012dez/2013dez/2014789101112
 

Taxa básica de juros
Após chegar a 7,25% no final de outubro, a taxa básica de juros da economia retomou trajetória de alta e terminou 2014 em 11,75% ao ano, o maior patamar em três anos.
Apesar de ter acelerado o processo de alta dos juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou na sua última reunião que a taxa deverá continuar subindo no futuro, mas que isso poderá acontecer de forma menos intensa, com "parcimônia".
Para os analistas, a equipe econômica tende a ser mais dura no segundo mandato de Dilma - após a inflação ter ficado próxima de 6% em todo o primeiro mandato, distante da meta central de 4,5%.


Evolução do desemprego
Taxa média de desocupação, em %
65,55,44,8201120122013201402468
*Dado de 2014 é o de outubro

Mercado de trabalho
Apesar da economia fraca, a taxa de desemprego segue em trajetória de queda e tem sido a grande marca do governo Dilma Rousseff na área econômica.
Nos últimos anos, embora o emprego formal tenha crescido menos, o índice de desemprego, calculado pelo IBGE nas seis regiões metropolitanas, tem estado muito próximo, e várias vezes chegando, na mínima histórica.
Em novembro, a taxa de desocupação ficou em 4,8% - 0,1 ponto percentual acima dos 4,7% de outubro, e 0,2 ponto acima dos 4,6% de novembro de 2013
Por outro lado, o Brasil criou até novembro 938 mil empregos com carteira assinada em outubro, o que corresponde a uma queda de 39% na comparação com 2013. No acumulado dos onze primeiros meses de 2014, o resultado foi o pior desde o início da série disponibilizada pelo governo em 2002. Também foi a primeira vez que o saldo ficou abaixo de um milhão neste período.

Taxa de investimento
Em % do PIBo
19,318,218,417,420112012201320140510152025
*Dado de 2014 é o do 3º trimestre

Investimentos
A taxa de investimento permanece estagnada. A Formação Bruta de Capital Fixo, indicador que apura o que se investe em máquinas, bens duráveis e construção civil, segue abaixo do patamar de 19%, abaixo da média mundial.
Mesmo a presidente Dilma Rousseff já declarou várias vezes que o ideal seria atingir um percentual de investimento em torno de 25% do PIB. Nas duas últimas décadas, a taxa de investimento tem oscilado entre 15% e 20%. A ultima vez em que a taxa de investimento superou os 20% foi em 1989, quando o percentual chegou a 26,9%.
No 3º trimestre, a taxa de investimento foi de 17,4% do PIB, inferior à registrada em igual período do ano anterior (19%).

  •  
Escalado do dólar
Cotação de US$ 1, em real
1,8692,04472,35752,6587em real20112012201320141,822,22,42,62,8
* Cotação de fechamento do ano

Câmbio
Após chegar a romper o patamar de R$ 2,70 em dexembro, o dólar acumulou em 2014 uma alta de 12,78% em 2014.
A nomeação da nova equipe econômica tranquilizou os mercados, que viram o desenho de uma política econômica mais ortodoxa. Investidores, porém, segue se ajustando à redução pela metade no volume de intervenção diária do Banco Central, que anunciou que vai estender pelo menos até o fim de março seu programa de leilões diários de "swaps cambiais" – instrumentos que funcionam como venda de moeda no mercado futuro.
A taxa de câmbio também tem refletido a retirada de estimulos nos Estados Unidos. Um aumento de juros na maior economia do mundo tenderia a gerar retirada de dólares do Brasil, em direção aos EUA, e maior pressão de alta na moeda
.

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