quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Oposição demonstra que irá dar trabalho a novo governo


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br


07/01/2015

No mesmo dia em que a oposição (PSDB, DEM e PP) reagiu, exibindo documentos que confirmam os recursos (R$ 3,9 bilhões) deixados pelo governo anterior, a atual gestão divulgou nota ontem para dizer que pagará os salários de dezembro dos servidores no quinto dia útil, ou seja, amanhã (8 de janeiro). Ainda assim, o governo desvincula essa decisão da manifestação dos rivais e do recurso herdado e que, após o pagamento de R$ 2,2 bilhões da folha salarial, vai contar como “solucionou o problema”. 
 
A mesma oposição não teve número suficiente (ainda em formação) para impedir a nova situação de “aceitar” a reforma administrativa da administração, mas fez barulho e criou resistências, antecipando que estará de prontidão e com a faca entre os dentes. A intensidade de suas manifestações deverá ser proporcional ao tratamento que receber. Na sexta-feira passada (2), o novo líder do governo, Durval Ângelo, chegou a dizer que a gestão anterior (tucana) passou 12 anos “mentindo”, referindo-se à nota de ex-secretários sobre os recursos deixados em caixa.
 
Dizem e reafirmam que o uso do cachimbo deixa a boca torta. A verdade é que os aliados da atual gestão estão mais preparados para a briga, como opositores tradicionais, do que para a composição necessária a quem terá o desafio de, todos os dias, manter maioria e ter governabilidade para gerenciar os problemas de hoje e os que virão. 
 
A atual composição do governo mineiro foi feita somente com os cinco partidos (PT, PMDB, PCdoB, PRB e Pros) que o apoiaram na eleição, além do reforço do PR do deputado federal Bernardo Santana (secretário de Defesa Social), totalizando 29 dos 77 deputados eleitos. É um número pequeno e insuficiente para ter tranquilidade. Durante a transição, o próprio governador, Fernando Pimentel (PT), conversou com potenciais aliados como o PV, de Agostinho Patrus, e o PSD do atual ministro Gilberto Kassab. Em ambos os casos, ficou o entendimento e o interesse de Pimentel em ampliar a base de apoio, mas não o fez na montagem da equipe.
 
Do jeito que está, a tendência é o governo Pimentel recair na mesma armadilha da presidente Dilma Rousseff (PT), de ficar refém do PMDB, que, como o PT, tem 10 deputados. Os peemedebistas têm hoje seis secretarias, mas os federais estão insatisfeitos. Há dúvidas, hoje, se seria boa medida a formação de um terceiro bloco, chamado “independente”, que reuniria aqueles que foram base aliada do governo passado (tucano) para cumprir ali um rito de passagem. Se não houver gestos mais consistentes, dificilmente, a base de sustentação chegará aos 55 parlamentares, como planeja Durval Ângelo.
 
Pergunta do ex-governador
 
O ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP) reafirmou ontem que, além de deixar o dinheiro em caixa, cumpriu todos os compromissos com os servidores e que só não antecipou o pagamento dos salários de dezembro porque o Estado tinha compromissos a cumprir com a Lei de Responsabilidade Fiscal, enquanto que a quitação da folha poderia esperar até o dia 8 de janeiro (amanhã). “Nos últimos 12 anos, num contexto inflacionário de 99,7%, houve reajuste salarial de 295%, ou seja, demos aumento real também. Será possível manter esse desafio?”.

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