terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O salário dos secretários


Editorial
Jornal Hoje em Dia
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06/01/2015

A decisão em estudo pelo novo governo de Minas de enviar à Assembleia Legislativa proposta de aumento salarial para os secretários de Estado tem tudo para provocar barulho no Legislativo. Em um ano que, com certeza, será de “vacas magras”, medidas que representam aumento dos gastos públicos sempre soam mal.
 
Hoje a remuneração dos secretários está em torno de R$ 11 mil. Pode ser considerado pouco, se compararmos com o que ganham altos executivos de grandes empresas. O aumento seria um estímulo sobretudo aos deputados estaduais que estão definidos para serem secretários, já que o salário no Legislativo é de pouco mais de R$ 20 mil em valores brutos.
 
O problema é que a arrecadação de impostos está baixa devido à estagnação da economia, o caixa do governo está com pouco dinheiro e é de bom alvitre para um novo governo que se tente evitar o desgaste de medidas consideradas impopulares.
 
O recurso que vinha sendo utilizado até agora, principalmente depois do choque de gestão do ex-governador Aécio Neves, iniciado em 2003, quando reduziu a remuneração de secretários e outros cargos comissionados em até 20%, era a participação dos titulares das pastas nos conselhos de administração das empresas estatais para complementação da renda. 
 
Esse adjutório, o chamado jetom, proporcionava ao secretário um rendimento de até R$ 32 mil, como constatou a reportagem do Hoje em Dia. Mas, segundo o novo líder do governo na Assembleia, a ordem é acabar com esse arremedo de remuneração. Ele argumenta, com razão, que os conselheiros têm que ter um perfil técnico, com eficiência comprovada, mas também “perfil político”.
 
Basta lembrar o que aconteceu na Petrobras, quando o conselho de administração deixou passar, sem contestação, a compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos EUA, com inegáveis prejuízos para a maior estatal brasileira. 
 
O PSDB, que de vidraça passou a ser estilingue nessa nova gestão – ou seja, foi para a oposição –, promete contestar. Enquanto Minas quer aumentar o número de secretarias e o salário, os parlamentares lembram que o país está em recessão. Essa queda de braço deve ser o grande embate da Assembleia nas próximas semanas.

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