sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Execução na Indonésia


Manoel Hygino
Manoel Hygino
mhygino@hojeemdia.com.br

23/01/2015

As organizações criminosas no Brasil permanecem fortes e, ao que tudo leva a crer, mais poderosas e ousadas. Em 2012, depois de o PCC ordenar ataques a policiais em São Paulo, 106 PMs foram assassinados. No ano passado, o Primeiro Comando da Capital preparou novos ataques, caso a sua cúpula fosse transferida para RDD, Regime Disciplinar Diferenciado na Penitenciária de Presidente Bernardes, no interior do vizinho Estado.

Naquela época, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira, pôs a corporação em alerta. No ano passado, os bandidos prometeram uma Copa do Mundo do Terror e ataques durante as eleições. Os planos foram interceptados em telefonemas pela inteligência da polícia. “Passei mensagem aos meus homens para que redobrem a atenção”, afirmou o coronel Meira.

Mas se não houve a hecatombe que premeditavam os criminosos e suas organizações, sua ação não cessou. A sedução do mal continuou em grande escala e o crime persiste e insiste, porque existem recursos para investir e a impunidade nefasta contribui.

A corrupção na administração pública, que habita os espaços da mídia, permeia a onda de crimes contra a vida e o patrimônio de todas as pessoas, enquanto a fúria devastadora de desrespeito a pessoas, empresas e repartições põem a perder a cordialidade e a boa convivência de velhos tempos. Não há mais segurança em lugar nenhum, em qualquer dia e hora.

Em tempos mais recentes, cogitou-se de zelar em defesa das nossas próprias instituições ameaçadas em todos os flancos. Milhões e milhões de reais circulavam pelas maiores praças bancárias do mundo, dinheiro subtraído do cidadão pelas vias movediças da corrupção e pelo cruel negócio das drogas e comércios semelhantes.

A Polícia Federal da Suíça revelou, no final do ano, que a movimentação de dinheiro para contas secretas naquele país pelo crime organizado brasileiro só é superada pela máfia italiana. Conforme investigações, essas organizações criminosas transitaram, em 2013, mais de 29 milhões de francos suíços, equivalentes a mais de R$ 75 milhões pelos seus bancos, com o objetivo de lavagem de dinheiro.

O mercado brasileiro do crime usa a praça financeira suíça de forma mais intensa que a máfia russa ou o crime organizado chinês, cujo volume de dinheiro movimentado é três vezes maior que o dos russos.

Essas observações conduzem automaticamente ao lamentável episódio de dias atrás, quando um brasileiro foi executado na Indonésia por transporte de cocaína introduzida em equipamento de sua asa delta.

É deplorável, sob vários aspectos, mas o fato apenas confirma a maneira displicente com que os brasileiros já circulam por todos os países na prática de crimes contra a saúde e a vida, confiantes na tolerância de outros governos. Ignora-se que não se adota em alguns países a prática de receber condenados por delitos de suma gravidade, como aconteceu com o sr. Batisti, homicida, condenado na Itália por quatro assassinatos e aqui acolhido oficialmente. O Brasil não pode abonar o crime organizado e não é valhacouto de inimigos da lei. Apesar dos pesares, o fuzilamento de um brasileiro vale como advertência: não podemos conviver ou contemporizar com o crime e os criminosos. 

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