sábado, 3 de janeiro de 2015

Divulgação de notas não alivia susto de servidores


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br


03/01/2015
O novo governo não vai ficar parado, mas a ordem é para que cada secretário pare o que estiver fazendo, para se concentrar na primeira missão dada pelo governador Fernando Pimentel (PT) de conhecer, primeiro, a casa e a herança deixada para depois mostrar sua cara, novos programas e, se possível, investimentos. A determinação foi dada na primeira reunião do secretariado e veio acompanhada de outra, de pacto de silêncio, semelhante ao que envolveu o período de escolha do secretariado.
 
Ninguém falou nada além de uma nota de 12 linhas, curta e vaga, divulgada no final do dia pela Subsecretaria de Comunicação.
 
Um dia depois da posse e de ter dito que não havia dinheiro para pagar o salário de dezembro ao funcionalismo, o atual governo informou, por meio dessa nota, que “as secretarias de Fazenda e de Planejamento e Gestão estão realizando todos os esforços para que o depósito seja realizado na data prevista”. A notícia é meio positiva, mas é muito pouco perante os mais de 500 mil servidores e de cerca 2,5 milhões de pessoas (familiares) que contam ou dependem desses vencimentos. Além do que pagamento em dia ao servidor é o primeiro indicador da saúde da economia do estado.
 
Três horas antes, os ex-secretários de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, e da Fazenda, Leonardo Colombini, da gestão anterior, divulgaram outra nota, com uma linha a mais (13) do que a do atual governo, para contestá-lo. O trecho que interessa ao servidor tem o seguinte teor: “...a atual gestão conta com recursos no valor de R$3,98 bilhões, sendo R$2.236.170.926,03, de livre utilização, valor suficiente para quitar a folha do funcionalismo de dezembro, a ser paga em janeiro, no quinto dia útil, como tradicionalmente foi feito desde de 2003, pelo governo estadual”, diz o texto assinado pelos ex-secretários, acrescentando que isso “pode ser confirmado na posição do Caixa do Governo, do dia 31/12/2014”. Em si, a nota é mais alentadora ao funcionalismo, mas, por outro lado, seus autores não são mais gestores.
 
Ponto e contraponto
 
Para quem é governo, os recursos em caixa não apareceram, segundo o líder do governo na Assembleia Legislativa, Durval Ângelo. De acordo com ele, os secretários da área (Fazenda e Planejamento) passaram o dia alterando senhas de acesso às contas do governo no Banco do Brasil. “Nas primeiras contas, esse dinheiro não existe”. Ao ser informado sobre a nota dos ex-secretários, Durval foi ainda mais duro: “Para um governo (tucano) que passou 12 anos mentindo, não é de se duvidar de mais uma”, acusou. Ao ser lembrado que o ex-governador era Alberto Pinto Coelho e que é filiado ao PP, disse que o tinha em alta conta e que é seu amigo, “mas ele não mudou a estrutura tucana do governo nos oitos meses que governou”.
 
Um integrante do governo anterior observou que o maior afetado nessa primeira trombada é o funcionalismo, que, até dezembro, recebeu em dia seus vencimentos, incluindo o 13º salário, e ainda que há recursos em caixa para os de dezembro. O ex-líder do governo anterior, Luiz Humberto (PSDB), disse que não iria comentar a crítica petista. “O dinheiro está em caixa. Eles prometeram tanto, vamos aguardar que cumpram”.

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