Carlos Rhienck/Hoje em Dia
Crise no horizonte exige revisão do orçamento e corte nos gastos
FINANÇAS – O momento é de fazer contas e ser mais conservador, diz Leonardo Teixeira

A chegada do ano novo é sempre tempo de renovação das esperanças, mas tudo indica que 2015 será de muitas preocupações financeiras para os brasileiros. E não são poucas as razões para a dor de cabeça.

A primeira delas atende pelo nome de inflação. O dragão, que já vem engolindo o poder de compra da população, estará ainda mais feroz neste ano, pelo menos é o que estimam economistas ouvidos pelo Banco Central. Boletim Focus divulgado nessa segunda (19) aponta uma alta média de preços de 6,67%, índice que a cada nova projeção fica mais distante da meta estipulada pelo governo, de 6,5%.

Economia estagnada, juros nas alturas e crédito mais caro reforçam o gosto amargo para as famílias, que estão às voltas com gastos com impostos reajustados, aumento da conta de luz, pagamento de matrículas escolares e compra de material escolar.

O cenário nebuloso já bateu à porta do mercado de trabalho, com crescimento da informalidade e corte de vagas. A situação se agrava com o anúncio do aumento de impostos sobre a gasolina, feito nessa segunda (19) pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. E para afrouxar a corda no pescoço não há outra saída senão revisar o orçamento e passar a tesoura nos gastos, afirmam especialistas em finanças.

Com a energia elétrica mais cara já a partir deste mês, a dica é rever hábitos e diminuir o tempo no chuveiro, um dos vilões do alto consumo de eletricidade. Como em janeiro passou a vigorar o sistema de bandeiras tarifárias, que eleva os preços conforme a situação energética do país, o aumento será de R$ 3 para cada 100 quilowatts/hora. E diante da falta de chuvas, utilização das térmicas e reajustes anuais – o da Cemig é em abril –, muitos analistas já falam em um aumento de até 40% na conta de luz.

“O consumidor deve retomar hábitos da época do apagão de 2001 para racionar o consumo. Desligar aparelhos da tomada e diminuir o tempo no banho são atitudes indicadas”, diz o analista de mercado e professor Paulo Vieira.

Janeiro também é época de quitar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que para os belo-horizontinos foi reajustado em 6,4%. Quem pagar o valor à vista ou antecipar pelo menos duas das 11 parcelas – fevereiro a dezembro – até nesta terça (20) terá desconto de 7%, o mesmo do ano passado.

Desconto que deve ser aproveitado por aqueles que têm algum dinheiro em caixa. “A prefeitura tenta seduzir o contribuinte para antecipar a receita e, por isso, oferece vantagens. Se a pessoa colocar esse dinheiro na poupança, por exemplo, terá um rendimento de 5,64% em 11 meses, inferior ao índice do desconto”, compara Vieira.