terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Alívio de carga é desastre político para o governo


Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br

20/01/2015

Foram 48 minutos de perplexidade e revolta para muita gente que amargou nesta segunda-feira (19) o apagão que desligou parte da energia elétrica em sete estados e no Distrito Federal, incluindo Minas Gerais, entre 15h e 15h48. No Estado, a região do Triângulo Mineiro foi uma das mais afetadas. Em alguns locais, demorou mais um pouco, como no Rio de Janeiro, para atender ao corte determinado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de 3 mil megawatts.

A falha ocorreu em função do alto nível de consumo na tarde desta segunda-feira , uma das mais quentes do ano. A demanda teria sobrecarregado o sistema, que teve de ser interrompido para evitar risco maior.

A medida foi classificada por especialistas como “alívio de carga”, uma freada no consumo até o restabelecimento da situação, e foi considerada tecnicamente correta ante problema maior. A previsão é de que não ocorra mais, a partir desta terça-feira (20), porque o setor fará um dimensionamento rigoroso do consumo.

Se tecnicamente foi correto, politicamente será um desastre para o governo federal. Cinco dias antes, o novo ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, havia recomendado que os consumidores reduzissem o consumo. De acordo com ele, a economia seria necessária por causa do alto preço da energia, embora descartasse racionamento.

Além de municiar a oposição, a ocorrência gera instabilidade, especialmente no setor industrial.

O primeiro efeito político do episódio levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a adiar por prazo indeterminado a divulgação, prevista para nesta terça-feira (20), dos aumentos na conta de luz do consumidor.

Além desse, nos últimos quatro anos o país enfrentou nove grandes apagões por várias razões, a maioria por questões técnicas. Antes, em 2001 e 2002, ocorreram por falta de planejamento e investimentos na geração de energia.

Pimentel chama a Cohab

As questões técnicas alegadas pela Polícia Militar para não cumprir ordem judicial de reintegração de posse na Ocupação Nelson Mandela, no Bairro Serra (zona Sul de BH) passou antes por outra orientação política. Em vez de usar a força policial, o governador Fernando Pimentel chamou o presidente da Cohab Minas, Claudius Vinicius Leite Pereira, e lhe deu a missão de resolver a questão, que, segundo a ordem dada, invasão ou ocupação não é problema da polícia ou do Judiciário. “Isso é problema do governo”, disse sobre o encaminhamento no qual ainda inclui outras ocupações, como a da Granja Werneck (Norte de BH).

Há quem veja isso, na área municipal, como “desrespeito” à ordem judicial e à fila daqueles que buscam a casa própria pelos meios legais (cadastro). Embora a área ocupada seja de risco, o governo mineiro quer fazer a retirada pela via da negociação e com resposta aos sem-casa.

A missão é difícil, mas o novo presidente da Cohab já comandou a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) na gestão de Pimentel na prefeitura, onde teve participação ativa na criação do Programa Estrutural em Áreas de Risco (Pear), no primeiro mapeamento geológico geotécnico e no Diagnóstico da Situação das Áreas de Risco Geológico das Vilas e Favelas de Belo Horizonte.

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