CORRUPÇÃO
Denúncias de corrupção, como as do mensalão e da Lava Jato, igualam legenda às outras
PUBLICADO EM 07/12/14 - 04h00
O PT que reelegeu a presidente Dilma Rousseff em outubro deste ano é outro, com formação e até bandeiras distintas daquele Partido dos Trabalhadores surgido na década de 80 com a pretensão de transformar a política brasileira. As mudanças, adotadas principalmente após o partido se tornar governo, geraram reflexos. Depois de a sigla colher os frutos de se manter no poder central por mais de 12 anos, o atual momento não é tão positivo para os petistas, mesmo após o êxito nas urnas. As consequências negativas dos “erros” estão sendo sentidas agora, quando a sigla enfrenta novas denúncias e manifestações antipetistas pelo país.
Se a população tem feito críticas à administração petista – movimento que cresceu depois das denúncias do mensalão e da corrupção na Petrobras –, fundadores da legenda, que acabaram se desfiliando após as falhas cometidas, não evitam mais os ataques. E mesmo quem continua na sigla já admite a necessidade de mudar.
Desde a fundação da legenda, em 1980, alguns idealizadores do PT se desfiliaram e decidiram se afastar da política partidária, enquanto outros fundaram legendas nas quais viriam a ser candidatos. Apesar de alguns nomes, como o do ex-presidente Lula, continuarem no comando partidário, fundadores tidos como mais “radicais” e defensores de políticas mais à esquerda e próximas do “socialismo” optaram por deixar o PT (veja infográfico).
Esse fato, segundo analistas, é o principal responsável pela mudança de rumo. “O quadro do partido não é possível de se reverter. Se não se propõe a superar o capitalismo, como pretendia inicialmente, é porque não é socialista. Isso o torna igual a outras siglas”, avalia o cientista político da Unesp Antonio Carlos Mazzeo.
Um dos exemplos de políticos que optaram por se desfiliar é o candidato derrotado à Presidência Eduardo Jorge (PV). “Saí basicamente porque acho que o PT ainda tem um déficit de aceitação da democracia. Continua com um pensamento hegemonista de controle da sociedade, herdado da ditadura”, diz. Só na última eleição, a presidente Dilma enfrentou seis ex-integrantes do PT, um deles foi Eduardo Jorge. Todos participaram da criação do partido. A própria presidente não faz parte do grupo de fundadores, fato representativo de outra característica assumida pelo PT: a de optar pelo “novo”.
Crítica semelhante é feita pelo senador Cristovam Buarque (PDT). Ele diz que sua saída ocorreu após o partido “perder o vigor transformador”. “Dizia que o PT ia levar dez anos para retomar esse vigor. Agora já acho que vai levar muito mais tempo. O PT corre o risco de se tornar um partido inexpressivo. Enquanto continuar como governo, não há chance de recuperar sua utopia”, acredita.
Coerência
Carta. A presidente Dilma recebeu na semana passada manifesto de intelectuais apoiadores do PT que pediam mais “coerência” do governo petista.
Lulismo
O protagonismo alcançado pelo ex-presidente Lula e a liderança que desempenha à frente do PT desde a sua fundação são apontados por ex-integrantes do partido como um “grave” problema, que, inclusive, acabou gerando rusgas internas. Em entrevista recente, o sociólogo Chico de Oliveira disse que “Lula é mais esperto do que pode-se pensar”.
O protagonismo alcançado pelo ex-presidente Lula e a liderança que desempenha à frente do PT desde a sua fundação são apontados por ex-integrantes do partido como um “grave” problema, que, inclusive, acabou gerando rusgas internas. Em entrevista recente, o sociólogo Chico de Oliveira disse que “Lula é mais esperto do que pode-se pensar”.
Manifesto
Um texto elaborado pelas atuais lideranças do PT e apresentado na semana passada em encontro da executiva em Fortaleza pede um segundo mandato da presidente Dilma Rousseff melhor do que o primeiro. O documento ainda defende políticas mais à esquerda e ações imediatas que privilegiem o recado dado pela sociedade nas manifestações populares
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Um texto elaborado pelas atuais lideranças do PT e apresentado na semana passada em encontro da executiva em Fortaleza pede um segundo mandato da presidente Dilma Rousseff melhor do que o primeiro. O documento ainda defende políticas mais à esquerda e ações imediatas que privilegiem o recado dado pela sociedade nas manifestações populares
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