quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Obama restabelece relação com Cuba após 'fracasso do isolamento'

Fim do isolamento

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - Folha


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O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou nesta quarta-feira (17) o fim da "abordagem antiquada" dos EUA em relação a Cuba, afirmando que ela fracassou em avançar os interesses americanos.
Em seu anúncio, Obama afirmou que os EUA e Cuba concordaram em restabelecer relações diplomáticas, rompidas em 1961, e abrir vínculos econômicos e de viagem —uma mudança histórica na política dos EUA que tem o objetivo de pôr fim a meio século de animosidade da Guerra Fria.
"Poremos fim a uma abordagem antiquada que, por décadas, fracassou em avançar nossos interesses, e começaremos, em vez disso, a normalizar as relações entre os dois países", anunciou o líder americano em um discurso televisionado da Casa Branca.
O acordo "iniciará um novo capítulo entre as nações das Américas" e deixará para trás uma "política rígida que é enraizada em eventos que aconteceram muito antes de nós termos nascido".
Doug Wills/Reuters
Presidente Barack Obama anuncia mudança histórica da política dos EUA em relação a Cuba
Presidente Barack Obama anuncia mudança histórica da política dos EUA em relação a Cuba
"Esses 50 anos mostraram que o isolamento não funcionou. É tempo de uma nova abordagem."
Apesar de ter recorrido a um decreto para realizar as mudanças anunciadas nesta quarta, Obama não pode unilateralmente pôr fim ao embargo econômico americano, que foi aprovado pelo Congresso e requer ação dos legisladores para ser revogado.
A Casa Branca, porém, indicou que gostaria que o Congresso amenizasse ou o levantasse a medida.
O anúncio foi feito em meio a uma série de novas medidas de construção de confiança entre os dois inimigos de longa data, incluindo as libertações do americano Alan Gross, preso em Cuba desde 2009, e de três membros do grupo Cinco Cubanos, presos na Flórida desde 1981.
Segundo autoridades americanas, os espiões cubanos foram trocados por um funcionário da inteligência americana que estava detido havia mais de 20 anos. Tecnicamente Gross não fez parte da troca, tendo sido solto separadamente por "questões humanitárias".
Em seu pronunciamento, Obama afirmou que a prisão de Gross vinha sendo um "grande obstáculo" na normalização das relações. O americano chegou a uma base militar dos EUA nos arredores de Washington acompanhado por sua mulher e vários congressistas americanos.
Após chegar, ele se reuniu imediatamente com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry. Posteriormente, Gross agradeceu a Obama por proporcionar sua volta à liberdade.
Como parte da retomada das negociações, os EUA abrirão em breve uma embaixada na capital cubana, Havana, e manterão trocas e visitas de alto nível entre os dois governos.
Os EUA também estão amenizando restrições sobre remessas, viagens —incluindo de famílias—, relações bancárias, negócios de americanos e atividades educacionais dos EUA. Cuba libertará 53 presos cubanos identificados como prisioneiros políticos pelo governo americano.
As viagens de turismo, porém, continuam banidas.
Enquanto Obama falava, o ditador Raúl Castro, de Cuba, discursava para sua nação em Havana. Obama e Castro falaram por mais de 45 minutos na terça-feira (16), a primeira discussão substancial em nível presidencial entre os dois países desde 1961.
O anúncio desta quarta se seguiu a 18 meses de negociações secretas entre os EUA e Cuba promovidas amplamente pelo Canadá e encorajadas pelo papa Francisco, que abrigou um encontro final no Vaticano. 

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