Quando vemos no noticiário denúncias de corrupção envolvendo cifras exorbitantes ficamos indignados, e com razão. Mas o mau uso do dinheiro público ocorre, na maior parte das vezes, em gastos pouco expressivos, se comparados com os bilhões auferidos nos contratos das grandes estatais, por exemplo. 
 
O Brasil possui 5 mil prefeituras e 27 estados. Cada qual com seus dependentes financeiros. O Hoje em Diamostrará, a partir deste domingo (14), como são mal geridos os recursos do contribuinte. São casos de corrupção ou simplesmente de falta de bom senso ao assinar ordens de pagamento.
 
Em tempos de crise, com prefeituras sem recursos para bancar serviços básicos, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) decidiu renovar o mobiliário de sua sede, situada na avenida Raja Gabaglia, zona Oeste de Belo Horizonte. 
 
A intenção da presidente do tribunal, Adriene Andrade, que está em fim de mandato, é gastar quase R$ 700 mil, conforme edital de compra. 
 
Duas licitações públicas na modalidade pregão eletrônico foram lançadas para executar as compras. 
As aquisições mais onerosas vão equipar os gabinetes dos sete conselheiros da Corte de Contas, responsável pela boa aplicação e fiscalização dos recursos públicos no Estado. A outra será destinada para atender à demanda dos funcionários do tribunal. 
 
Ao custo estimado de R$ 500 mil, os conselheiros terão poltronas modelo Luiz XV, em referência ao rei francês que viveu no Castelo de Versalhes. O pacote inclui cadeiras de diretor, jogos de sofá Chesterfield (de origem britânica), além de estantes, armários e mesas. 
 
Na lista de compras dos servidores constam poltronas, armários, mesas, estantes, ventiladores, frigobar e calculadoras de mesa.
 
Confeccionada em madeira de lei maciça com acabamento de cor no padrão mogno, as poltronas Luiz XV são feitas artesanalmente. 
 
Possuem entalhes nos pés, assento, braço e encosto. O estofamento tem espuma moldada e revestida na parte frontal com couro natural preto fosco. Na parte traseira, couro marrom fosco liso com tachas envelhecidas.
 
Os sofás estilo Chesterfield têm estrutura interna do assento, encosto e braços em madeira maciça. Almofadas e botões revestidas em couro natural são da cor marrom. 
 
Segundo o edital, no caso dos conselheiros, a alegação é de que a contratação se dará em virtude do “desgaste natural” dos móveis atuais. 
 
Sobre padrão de qualidade do mobiliário, diz o tribunal: visa “proporcionar equilíbrio e harmonia aos gabinetes”. Justificou ainda que a compra proporcionará ao gabinete melhores condições de trabalho. 
Já licitação dos móveis para o uso dos funcionários do tribunal tem o objetivo de melhorar o “andamento do trabalho”.
 
Durante toda a semana, foram feitos diversos contatos, por meio de telefone e e-mail, com a assessoria de imprensa do TCE para saber a destinação dos móveis antigos, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
 
Valor pago compraria 34 mil kits de combate à dengue
 
Com o valor pago pelo mobiliário novo do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), seria possível investir em vários itens de interesse do contribuinte.
 
Daria, por exemplo, para adquirir 34 mil unidades do kit educativo de combate à dengue do governo mineiro. Destinado a escolas da rede pública e creches, o material é composto por um DVD, dez revistas e um CD com fotos de ações de combate ao mosquito aedes aegypt.
 
Ou quem sabe distribuir pelo menos um kit esportivo para 100 escolas da rede estadual. São assessórios para natação, judô, peteca, tênis, xadrez, basquete, vôlei e futsal. 
 
Para o futebol de salão, o pacote inclui 20 bolas do tipo profissional, 23 coletes e luvas de goleiro.
Ao custo de R$ 4.500 cada unidade, poderia-se adquirir 151 aparelhos de eletrocardiograma de última geração. O equipamento é essencial na realização de exames cardiológicos.