domingo, 7 de dezembro de 2014

ANTIPETISMO: Diagnóstico para apontar ‘erro’

ANTIPETISMO

Partido vai fazer pesquisa para identificar motivos da rejeição e avaliar programas de governo

PUBLICADO EM 07/12/14 - 04h00
Para colocar em prática a promessa de reconstruir o PT após o resultado apertado nas urnas neste ano e pôr fim aos movimentos contrários ao partido surgidos no país, os petistas farão um mapeamento das insatisfações e do clima antipetista. Além de ouvir a sociedade para tentar levantar a motivação dessa onda de críticas, também já está sendo feita uma avaliação geral dos programas de governo implementados pela sigla nos últimos 12 anos, desde quando assumiu o Executivo.
 

A pesquisa encomendada pelo partido deverá ser qualitativa e chegará a todos os Estados do país no primeiro semestre do ano que vem. O resultado será colhido até julho, quando os dados estarão à disposição da cúpula do partido. A direção será responsável por decidir como a avaliação será usada para pôr fim ao clima anti-PT.
Segundo um dos integrantes da executiva nacional do PT, deputado federal mineiro Reginaldo Lopes, antes mesmo de o levantamento ser encomendado, já é possível identificar onde estão os problemas. “Faltou escutar mais a opinião da população. Faltou apresentar mais argumentos políticos às pessoas sobre as ações do nosso governo”, acredita o petista. Lideranças do partido citam também que os “problemas” tiveram início com os protestos de 2013, se fortaleceram durante a campanha deste ano e se mantiveram mesmo após o fim do pleito (veja infográfico ao lado).
Segundo Reginaldo Lopes, o questionário principal ainda está sendo produzido, mas diagnósticos específicos estão sendo realizados para levantar indicadores próprios sobre os programas governistas.
“Um deles já mostrou, por exemplo, que 84% das pessoas que usam o ProUni são contra o Bolsa Família. Por que isso acontece é que temos que entender, até para saber como trabalhar daqui para a frente”, ressalta o petista, cotado para assumir um ministério no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
AvaliaçãoNa avaliação de alguns petistas, a pesquisa interna é considerada a melhor solução para definir o caminho para reconstruir o partido. Para o senador não reeleito em São Paulo, Eduardo Suplicy, “o levantamento poderá mostrar de maneira mais clara um sentimento que aconteceu especialmente em São Paulo contra o PT”.
Ex-ministro no governo Lula, Patrus Ananias afirma que existem indicadores claros da situação do partido. “É preciso repensar algumas práticas e reafirmar seus princípios básicos, que deram origem ao PT, como o compromisso com a ética, a transparência e a democracia participativa interna”, resume.
Nacional
EncontroNa semana passada, a direção nacional do PT se reuniu em Fortaleza. Entre os temas em pauta, estavam o antipetismo e a pesquisa para diagnosticar os problemas da legenda.
Ideia é acelerar a implementação das promessas

Para tentar reduzir o clima antipetista instalado no país após, entre outros fatores, as denúncias de corrupção envolvendo o partido, lideranças do PT defendem que as principais promessas de campanha da presidente Dilma Rousseff sejam efetivadas já no primeiro ano de governo.

Uma delas diz respeito às políticas de combate à corrupção, ponto que a petista ressaltou nas eleições deste ano e que, na avaliação de lideranças, caso seja colocado em prática, poderia retomar o ideal “ético” tão defendido no passado pelo PT.

O mesmo diz respeito às políticas sociais, que, além de atingirem a classe mais pobre do país, também precisa contemplar a classe média, na qual se encaixam muitos trabalhadores – setor que justificou a criação do PT.

O presidente estadual do PT, deputado federal Odair Cunha, é um dos defensores dessa política social mais ampla. “É preciso pensar na classe média. Criar artifícios para agradar a essa ala da sociedade, que rejeitou em alguns momentos o nosso partido”, declarou o dirigente no dia seguinte à vitória de Dilma.

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