Como ainda
ter esperanças no eterno “país do futuro” quando vemos que a presidente Dilma,
depois dos novos escândalos da Petrobras, continua como favorita na corrida
eleitoral? Não só isso: a delação premiada do importante ex-diretor Paulo
Roberto Costa, chamado de “Paulinho” por Lula, não fez um único arranhão na
candidatura da presidente. É um espanto!
Quando
estourou o escândalo do mensalão em 2005, muitos acharam que era o fim de Lula
e do PT. Os tucanos julgaram melhor deixá-lo sangrando até as eleições em vez
de partir para um pedido legítimo de impeachment. Lula foi reeleito. A economia
ia bem, graças principalmente ao crescimento chinês.
Em 2010,
Lula decidiu iluminar seu “poste”, e Dilma, sem jamais ter vencido uma eleição
na vida, foi alçada diretamente ao posto máximo de nossa política. Havia vários
escândalos de corrupção divulgados pela imprensa, mas nada disso adiantou. A
economia estava “bombando”, no auge da euforia com o Brasil. E, como sabemos, é
a economia que importa, certo?
Mas o que
dizer de 2014, então? Os escândalos só aumentaram, a imagem de “faxineira
ética” virou piada de mau gosto, e até a economia mudou o curso, derrubando o
mito de “gerentona eficiente”. Já estamos em recessão, apesar de uma inflação
bastante elevada. Não obstante, Dilma ainda é a líder nas pesquisas. Como?
É inevitável
concluir que o povo brasileiro ou é extremamente alienado, ou não dá a mínima
para a roubalheira. Quem aplaude o atual governo ou não sabe o que está
acontecendo, ou está ganhando dinheiro com o que está acontecendo. O PT
conseguiu banalizar a corrupção. Muitos repetem por aí que todos os partidos
são corruptos mesmo, então tanto faz: ao menos o PT ajudou os mais pobres.
Vivem em Marte?
Esses que
adotam tal discurso são coniventes com o butim, são cúmplices dos infindáveis
esquemas de desvio de recursos públicos. Querem apenas preservar sua parcela na
pilhagem. E isso vai desde os mais pobres e ignorantes, que dependem de
esmolas, até os funcionários públicos, os artistas engajados que mamam nas tetas
estatais, os empresários que vivem de subsídios do governo.
Desde que a
máfia respingue algum em suas contas bancárias, tudo bem: faz-se vista grossa
aos “malfeitos”. Uma campanha sórdida, de baixo nível, mentirosa como nunca
antes na história deste país se viu, difamando, apelando para um
sensacionalismo grosseiro, nada disso parece incomodar uma grande parcela do
eleitorado. Ao contrário: a tática pérfida surtiu efeito e Dilma subiu,
enquanto Marina Silva caiu. A falsidade compensa.
Vários
chegaram a apontar a vantagem de Argentina e Venezuela terem mergulhado no caos
com o bolivarianismo, pois ao menos a desgraça alheia serviria de alerta aos
brasileiros. Afinal, o PT vive elogiando tais regimes e os trata como
companheiros próximos, aliados ideológicos. Ledo engano. Nem mesmo a tragédia
de ambos os países despertou o povo brasileiro de sua sonolência profunda.
O brasileiro
é como aquele urso polar que passa meses hibernando. A ignorância é uma bênção,
dizem, mas só se for para os corruptos populistas. E pensar que uma turma
chegou a se empolgar com as manifestações de junho de 2013, quando o gigante
supostamente havia acordado. Só se for para pedir mais Estado, mais do veneno
que assola nossa nação. O gigante é um bobalhão...
Não pensem
que culpo apenas ou principalmente o “povão”, os mais pobres e ignorantes que,
sem dúvida, compõem a maioria do eleitorado petista. Não! Nossa elite também é
culpada. Nossos “formadores de opinião” ajudaram muito a trazer o Brasil até
esse precipício, sempre enaltecendo o metalúrgico de origem humilde ou a
primeira mulher “presidenta”.
Ou então
delegando ao Estado a capacidade de solucionar todos os nossos males, muitos
deles criados pelo próprio excesso de intervenção estatal. Temos uma elite
culpada, que adora odiar o capitalismo enquanto usufrui de todas as benesses
que só o capitalismo pode oferecer.
Com uma
elite dessas, realmente não precisamos de inimigos externos ou de desgraças
naturais. O que é a ameaça islâmica ou um simples furacão perto do estrago
causado por uma mentalidade tão equivocada assim por parte daqueles que
deveriam liderar a nação? Nossa elite idolatra o fracasso.
Roberto
Campos foi certeiro ao constatar que, no Brasil, a burrice tem um passado
glorioso e um futuro promissor. Quer maior prova disso do que todos esses anos
de PT no poder? Mas parece que ainda não foi o suficiente. O brasileiro quer
mais! Quer dar um passo adiante nesse precipício...
Rodrigo
Constantino é economista e presidente do Instituto Liberal
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/um-pais-beira-do-precipicio-14085681#ixzz3EtJpa84q
© 1996 - 2014. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
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