31/10/2014 08:31 - Atualizado em 31/10/2014 08:31
FOTOS GUILHERME LARA CAMPOS/A2 FOTOGRAFIA
PESQUISA – Instituto Butantã desenvolveu um antitumoral proveniente da saliva do carrapato
A cura do câncer pode estar em uma proteína encontrada na saliva do
carrapato. É o que indica uma pesquisa do Instituto Butantã, patenteada
pela União Química Farmacêutica Nacional. O diretor médico da empresa,
Miguel Giudicissi Filho, explicou que a substância, chamada adlyomin,
interrompe a divisão das células cancerígenas, impedindo que o tumor
aumente.
“Essa proteína foi testada em camundongos com tumores no pâncreas,
melanomas, que é o câncer da pele, e em células cancerígenas renais. E
eles foram curados após receber a dose”, afirmou.
A novidade pode ser um alento, principalmente para pacientes
diagnosticados com câncer no pâncreas. “Não há tratamento para esse tipo
de câncer. Por isso, caso a pesquisa confirme, pode significar a cura”,
disse.
A proteína foi encontrada no carrapato da espécie Amblyomma cajennense, conhecido popularmente como carrapato-estrela.
TESTE
O estudo durou oito anos. Agora finalizado, os coordenadores querem
autorização para testar o remédio em pessoas. O diretor médico da União
Química Farmacêutica Nacional afirmou que entre novembro e dezembro a
equipe vai protocolar na Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) um pedido para autorização dos testes clínicos.
“Nos animais, a substância se mostrou eficaz e sem toxicidade. Esperamos os mesmos resultados nos humanos”, disse Filho.
A proteína encontrada na saliva do carrapato é estudada em laboratório
por meio de processos biorreatores. Se a comercialização for autorizada,
ela será fabricada em Minas, na filial da empresa, que fica em Pouso
Alegre, no Sul do Estado.
MENOS INVASIVO
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está desenvolvendo
pesquisas em favor de tratamentos menos agressivos para pacientes com
câncer.
Um deles consiste em terapias que agem nos vasos sanguíneos próximos ao
tumor. “São remédios que atacam esses vasos pois, sem irrigação
sanguínea para nutrir e oxigenar o tumor, ele não tem como sobreviver”,
explicou o coordenador do Setor de Oncologia do Hospital das Clínicas,
André Márcio Murad.
Outro estudo, segundo ele, se refere ao tratamento de pacientes com
câncer no estômago. A UFMG é uma das representantes brasileiras na
pesquisa, que conta com centros de saúde de vários países.
Foi descoberto um anticorpo denominado Rilotumumab, que inibe uma
proteína responsável pelo crescimento das células tumorais no estômago.
“Ele mata as células doentes, mas sem atacar as normais”, destacou
Murad.
O médico afirmou que existem 20 novas moléculas a serem estudadas pela
Universidade nos próximos dois anos. “A ideia é desenvolver um
tratamento menos invasivo e mais eficiente”, disse.
Em favor da prevenção
Nesta sexta-feira (31) termina a campanha Outubro Rosa, que pretende
orientar as mulheres sobre a importância da realização da mamografia e
do autoexame para diagnóstico precoce do câncer de mama.
Durante todo o mês, o jornal Hoje em Dia publicou uma série de matérias
sobre o tema, divulgando iniciativas, ações educativas e de combate ao
câncer, bem como entrevistas com pacientes que venceram a doença e hoje
levam uma vida normal.
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