sábado, 4 de outubro de 2014

Que tal ter um AR-15 caseiro? Agora você pode (caso não more no Brasil, claro).

Ciência e Tecnologia

Conheça a Defense Distributed, organização que já causou alvoroço disponibilizando instruções para a confecção da primeira pistola produzida por uma impressora 3D.
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A M16 é a arma de desejo de todo aficionado pelos filmes sobre a Guerra do Vietnã e agora qualquer um – qualquer um mesmo, não interessando antecedentes criminais ou possibilidade legal de obter o registro e o porte – poderá ter a versão “civil” do rifle, conhecida como AR-15. Pelo menos esse é o objetivo da Defense Distributed, organização que já causou alvoroço no mundo inteiro disponibilizando instruções para a confecção da primeira pistola que pode ser inteiramente produzida por uma impressora 3D. O grupo agora investe novamente contra as regulações estatais sobre o mercado de armas – porém, desta vez, não se limitou a simplesmente em divulgar as instruções para a confecção do armamento, mas anunciou que está produzindo e aceitando pedidos para a máquina capaz de permitir que qualquer um construa em casa o icônico fuzil.
A “impressora” do AR-15, no entanto, não é exatamente como os modelos mais comuns que geram itens a partir de camadas de plástico. Trata-se, na realidade, de uma espécie de fresadora caseira controlada por um sistema de comando numérico computadorizado, ou seja, um aparelho capaz de realizar cortes precisos em metal de acordo com os comandos de um software. O produto, que custa cerca de US$1300,00, efetivamente só confecciona uma única parte da arma, o chassi, ou seja, o “corpo” do rifle. No entanto, essa é a parte mais importante do projeto, já que é nessa peça em que se encontram todas as partes móveis necessárias para o funcionamento do equipamento. Por isso mesmo, essa é a parte mais difícil de ser obtida sem interferência do Estado. Nos EUA, os outros itens como o cano, o carregador e o cabo podem ser facilmente comprados na internet.
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A ideia da produção caseira de armas para escapar do rastreamento estatal não é exatamente nova, já que, embora a venda desse tipo de armamento sem licença seja ilegal, a manufatura não licenciada para uso próprio não é. Evidentemente, o governo tomou providências para que as pessoas não pudessem escapar dos métodos de controle das agências governamentais, como as limitações na compra de determinadas peças. No entanto, os armeiros amadores recorrem a uma brecha legal, segundo a qual é permitida a venda de qualquer item que tenha no máximo 80% das características de uma arma regulamentada no país. Deste modo, vendem-se peças semi-prontas no limiar de 80% de semelhança com os itens originais e os consumidores terminam de moldá-las para o uso. É justamente uma dessas peças pré-fabricadas que a impressora da Defense Distributed promete levar a completa funcionalidade e não um bloco simples de metal. A grande revolução está no fato de que anteriormente, para terminar a conversão, era necessário o acesso a um maquinário metalúrgico quase profissional, com custo de dezenas de milhares de dólares, e agora é possível realizar o mesmo processo por uma fração do custo em um período de uma hora.
É desnecessário mencionar que o anúncio da produção e venda da máquina de fazer fuzis caiu como uma bomba para os grupos que advogam em favor de um maior controle das armas nos EUA. Um representante do grupo, o senador estadual da Califórnia Kevin de Léon, disse que armas produzidas artesanalmente são impossíveis de serem rastreadas e só são descobertas quando utilizadas. Por isso, ele chamou essas armas de “Ghost guns” (armas fantasmas). O senador conseguiu aprovar no legislativo do estado uma legislação que tornaria ilegal a conversão de peças sem número de série acima do limiar de 80% de semelhança com uma arma real e a divulgação de instruções para a produção de armas em impressoras 3D. A lei, todavia, foi vetada pelo governador da Califórnia, que argumentou que não conseguia entender como proibir armas sem números de série melhorariam a segurança da população. Cody Wilson, fundador da Defense Distributed, não fugiu da luta e preferiu partir para a ofensiva, registrando o nome “Ghost gun” e usando-o para nomear sua impressora. Além disso, no vídeo de propaganda do produto (acima), a empresa usa discursos do senador de Léon como fundo. Nas palavras de Wilson, trata-se de “humilhar o poder que tenta humilhar você”, isto é, de afrontar o establishment.
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The Ghost Gunner
No Brasil, para a infelicidade dos entusiastas de armas, as brechas legais que permitiram que Cody Wilson lançasse a polêmica “Ghost gun” não existem. Em razão da lei 10.826/2003 não se permitiria a posse de uma arma como um AR-15, mesmo que fosse construída pelo próprio usuário. Diz a lei, nessa quadra, que é crime não só o porte ilegal da arma de fogo ou munição em si, mas também de qualquer acessório de arma – arts. 12, 14 e 16, da aludida Lei nº 10.826/2003 –, o que inviabilizaria, por exemplo, a posse ou porte de carregador para o fuzil AR-15, indispensável para seu funcionamento. Além disso, a venda da impressora das “Ghost guns” seria provavelmente barrada pela polícia federal e pelo exército, responsáveis pela fiscalização das questões ligadas a armas no Brasil, o que, para além disso, encontraria óbice no art. 17, do Estatuto do Desarmamento – lei já citada. Logo, e ainda que à vol d’oiseau, pode-se imaginar que a utilização da impressora 3D, no Brasil, é impossível de ser cogitada – aqui, ao contrário do que ocorre na América do Norte, o controle estatal sobre a produção, comércio e posse ou porte de armas é severamente regulamentado, e obedece a diretriz do desarmamento quase que absoluto.
FONTE: http://spotniks.com/faca-voce-mesmo-incrivel-historia-ar-15-caseiro/

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